sexta-feira, 13 de maio de 2011

PRETO VELHO


AS SETE LÁGRIMAS DE UM PAI-PRETO

Foi uma noite estranha aquela noite....
Estranhas vibrações penetravam
Em meu “Ser” e me faziam ansiar
Por algo que, pouco a pouco, se definia...
Era um “que”desconhecido,
Mas senti-o como estivesse
Em comunhão com minha alma
E externava a sensação
De um silencioso pranto...
Quem do mundo do astral,
Emocionava assim meu pobre “Eu?”
Não soube, até adormecer.... e “sonhar”...
Atraído por cânticos que falavam
De “Aruanda, Estrela Guia e Zambe” ...
Eram vozes de Umbanda,
Dessa Umbanda de todos nós
Que chamava seus filhos de fé ...

E fui visitando Cabanas e Tendas,
Onde multidões desfilavam, mas
Surpreso ficava ante a “visão”
Que em cada um eu “via”...
Em um canto, pitando, um triste
Pai Preto chorava...
Dos seus “olhos” molhados esquisitas lágrimas desciam
E, não sei porque, contei-as;
Foram “Sete”.
Na incontida vontade de saber,
Aproximei-me e interroguei-o:
Fala, “Pai Preto”, dize porque externas tão visível dor?
E “Ele”, suave, respondeu:
“Estás vendo esta multidão que entra e sai”?
Das lágrimas contadas,
Distribuídas estão a cada uma delas...
“A PRIMEIRA” eu a dei aos indiferentes;
aos que aqui vêm em busca de distração,
na curiosidade de ver, de bisbilhotar...
“Não crêem, nem descrêem... Sabem conceder...

“A SEGUNDA”, dei aos duvidosos, aos que acreditam, desacreditando...
Vivem na expectativa de um “milagre”que os façam “alcançar”
Aquilo que seus próprios merecimentos negam ...
“A TERCEIRA” é mais, que distribui aos maus
Aquelas que somente procuram as Casas de Religião
Em busca da vingança, aos que desejam prejudicar seus semelhantes...
“A QUARTA” são aos que, pensam que nós, Guias e os Òrìsàs, somos
Veículos de suas mazelas, de suas paixões e temos obrigação de fazer o que
Pedem...
“Pobres almas que da bruma ainda não saíram ...
E assim vai lembrando bem”:
“A QUINTA” lágrima foi diretamente para os frios e calculistas.
Não crêem nem descrêem.
Sabem que existe uma força e procuram se beneficiar dela de qualquer
Forma.
Não conhecem a palavra GRATIDÃO.
Negarão amanhã até que conhecem uma Casa de Religião....
Chegam suaves, têm o riso e o elogio à flor dos lábios...
São fáceis, muito fáceis ....
Se olhares bem seus semblantes,
Verás, escrito, em letras claras:
Creio na tua Religião, nos teus Caboclos e no teus Òrìsàs,
Mas somente se vencerem o “meu caso” ou me curarem “disso”
Ou “daquilo”.... ou trazer de volta o meu “amor”, etc...
“A SEXTA” lágrima eu dei aos fúteis, aos que andam de Casa em Casa....
  Não acreditam em nada, visam somente o benefício
Próprio, conhecidos por “akirijebós”, são os freqüentadores assíduos
De todas as festas em todas as Casas de Religião, e só colocam defeitos...
Buscam apenas o aconchego e os conchavos...
Seus olhos apresentam um interesse diferente.
Sei bem o que eles querem....
“A SÉTIMA” viu! Filho meu, notaste como foi grande e deslizou
Pesada?
Pois, foi a Última Lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Òrìsàs e
Caboclos.
Fiz doação dessa aos vaidosos cheios de empáfia, para que levem
Suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são:
“Cegos, guias-de-cegos; andam se exibindo com o “lado” tal e
qual mariposas em torno da luz, essa mesma luz que eles não
conseguem Ver...
Olha-os bem; vê como suas fisionomias são turvas e desconfiadas...
Observa-os quando falam doutrinando.
Suas vozes são ocas, dizem tudo de “cor e salteado”...
  nada tem à dar e sim tirar
Sem pudor e sem caráter...Em sua linguagem sem calor,
Formulam conceitos de caridade, essa mesma caridade que
Não fazem....trocas por interesses ....Introduz nos
Ritos, a droga, maconha, cocaína, cachaça, etc...Não tendo o menor
Escrúpulo com o ser humano....
Eles, vivem aferrados ao conforto da matéria e a gula do dinheiro...
Eles não têm convicção.

Assim Filho meu, foi, para esses todos que viste cair, uma a uma, as
SETE LÁGRIMAS DE PAI PRETO,
E, então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar:
Não tens mais nada a dizer, Pai Preto?
E, daquela “forma velha”, vi um véu caindo num clarão intenso
Que ofuscava tanto, ouvi mais uma vez:
Mando a luz da minha transfiguração para aqueles que,
Esquecidos pensam que estão...
Estes formam a maior parte dessas multidões...
São os “humildes”, os “simples” e estão na Religião pela Religião,
Na confiança pela razão ...
São os seus Filhos de Fé...
São, também, os “aparelhos”e “Òrìsàs” trabalhadores e silenciosos,
Cujas ferramentas chamam-se “Dom e Fé” !

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