Entendendo e desmistificando a Umbanda
Antes de qualquer coisa, deve-se salientar que a Umbanda não é um culto afro-brasileiro. A Umbanda é um culto missionário genuinamente brasileiro, ao contrário de outros cultos como o Tambor de Mina, o Candomblé, etc. Para entendermos melhor, vamos saber mais sobre o Candomblé.
O Candomblé, também é uma religião brasileira, porém, formada por elementos africanos trazidos pelos escravos da África que chegaram ao Brasil nos navios negreiros e que desembarcaram principalmente nos portos de Belém, São Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Os escravos eram basicamente os nagôsjejes (do Daomé), malê (África mulçumana), mina (povos Fanti e Ashanti) e os bantos (vindos da Nigéria), (Congo, Angola e Moçambique).
Como podemos ver, eram negros vindos de diferentes partes da África, que ao chegarem ao Brasil, passaram a cultuar seus diferentes Orixás juntos, e dessa união de Orixás de diferentes lugares da África, formou-se então o CANDOMBLÉ BRASILEIRO. Porém, os escravos eram proibidos de professarem a sua fé nativa, pois a única religião aceita no Brasil naquela época era a Católica, daí surgiu o sincretismo. Os negros proibidos de cultuar seus próprios deuses, acabaram por associar cada Orixá a algum santo da igreja católica. Sincretismo esse que perdura até os dias de hoje, mas isso é um erro, pois devemos lembrar que o sincretismo lembra uma época de repressão e ditadura religiosa, e que não deveria persistir nos terreiros nos dias de hoje. É um erro se colocar imagens de santos católicos nos congares, principalmente para simbolizar os Orixás.
Logo ao se estabelecer no Brasil, um dogma do Candomblé naquela época não aceitava que os seus fieis incorporassem espíritos desencarnados, os chamados EGUNS, pois segundo a religião, os Orixás são divindades da natureza, e os adeptos apenas se deixam envolver pela energia divina do Orixá, sem incorporá-lo. O ori (cabeça do iniciado), seria um altar sagrado para o seu Orixá, e que não deveria ser maculado com a incorporação de espíritos comuns.
Paralelamente ao Candomblé, também ganhava espaço no Brasil, uma doutrina cristã surgida na Europa - O Espiritismo, fundado por Allan Kardec. O Espiritismo que prega a imortalidade da alma humana, a reencarnação e o contato com os mortos através dos médiuns. É uma doutrina bastante aprofundada, que requer bastante estudos e só faz o bem.
Até que um dia, a alma dos mortos, proibidas de penetrar no Candomblé, chegaram ao Espiritismo, mas também foram barradas, pois se tratavam de espíritos de índios e de ex-escravos, e o Espiritismo que só trabalha com espíritos intelectualizados de poetas, artistas e de doutores, achavam que tais espíritos de índios e negros, eram atrasados e inferiores.
Boicotados de penetrarem tanto no Candomblé quanto no Espiritismo, os espíritos dos negros e índios quem vinham cumprir missão no Brasil, fundaram uma nova religião chamada UMBANDA.
A princípio, trabalhando de forma parecida com o Espiritismo, sendo de forma mais simples e humilde, tendo por base os conselhos, passes e receitas simples obtidas pela experiência dos negros e índios, como orações, benzimentos, chás e banhos de ervas, a Umbanda começava a tomar forma e ganhar campo.
Posteriormente começava a inserir dentro do seu culto, os Orixás trazidos do Candomblé, que apesar da Umbanda reverenciá-los, eles não "baixam" na Umbanda. Os altares com imagens, defumação e atos como bater cabeça, foram copiados do catolicismo. A influência do misticismo da Igreja Católica, acabou levando para dentro da Umbanda elementos esotéricos, daí surgindo o uso da magia, principalmente a africana, devido a adesão de alguns elementos africanos na Umbanda.
Atualmente, a maioria dos Candomblés já aceitam a incorporação das almas dos mortos (eguns), que são tipicamente chamados de Catiços, e alguns poucos Centros Espíritas, também passaram a aceitar o trabalho dos Pretos-Velhos, fazendo assim uma mistura que hoje resulta nos diversos tipos de Umbanda.
A Quimbanda
Devemos estar atentos e vigilantes, pois a Umbanda é um celeiro de resgate de dívidas de vidas passadas (karma), e também, uma forma de pagarmos essas dívidas, trabalhando com os nossos irmãos da espiritualidade de forma correta. A Umbanda também se tornou um portal de entrada para os mais variados tipos de espíritos, por isso devemos estar atentos aos QUIUMBAS ou RABOS DE ENCRUZA, que se manifestam na Umbanda sob o nome de EXU (assim como POMBA-GIRA), pois sabemos que o Exu é um Orixá tido como mensageiro exclusivo do Candomblé, mas foi essa a forma que os quiumbas acharam melhor para se apresentarem na Umbanda, usando o nome do Orixá tão temido no Candomblé, e que foi sincretizado erroneamente com o Diabo, de tal forma, um Orixá que seria tido como o Diabo, seria perfeito para os quiumbas serem chamados.
Os QUIUMBAS ou EXUS DE UMBANDA, são os marginais da espiritualidade, geralmente são espíritos obsessores, zombeteiros e mentirosos, que em vidas passadas foram, malfeitores, malandros, boêmios, bêbados, assassinos, ladrões, etc.
Aqueles que cristalizaram o mal dentro de si acabaram criando uma outra facção chamada QUIMBANDA ou QUIUMBANDA. Os exus que já tem algum esclarecimento e estão em um certo grau de evolução, mesmo tendo inclinação para o mal, são chamados de EXUS DE LEI. Tais exus trabalham tanto para o bem, quanto para o mal, isso vai depender da índole do médium, mas não devemos usar tais exus para fazerem o mal, pois estaríamos atrapalhando a evolução deles e nos endividando ainda mais com as Leis do Universo.
Os EXUS DE LEI, são indispensáveis dentro da Umbanda, pois há coisas que só eles podem fazer, somente eles tem condições de descerem aos pântanos astrais e tem total conhecimento das trevas, sendo indispensáveis aos trabalhos de desobsessão e desmache de magia negra, provocados pelos exus da Quimbanda. O Espiritismo, se achando o dono da verdade, não admite que há casos que só a Umbanda consegue resolver.
Por isso, ao se trabalhar na Umbanda é necessário ter uma boa conduta para atrair para si entidades boas, e trabalhar com elas em prol daqueles que precisam de ajuda, tudo na base da caridade e do amor, sempre com humildade, só assim conseguiremos a evolução que precisamos dentro da Umbanda.
O Candomblé até hoje adota a matança de animais em seu culto, pois isso remonta ao primitivismo da África, de onde veio o cultos dos Orixás, que são crenças muito antigas. Algumas tendas de Umbanda adotam a matança de animais por terem copiado rituais do Candomblé, porém a verdadeira Umbanda não trabalha de forma alguma com sacrifícios de animais.
Algumas correntes dizem que os quimbandeiros, que trabalham com os quiumbas para a prática do mal, usando-os para obsidiarem os encarnados e fazerem trabalhos de magia negra, quando desencarnam, tem como castigo, de se tornam escravos dos próprios quiumbas que cultuavam, isso de acordo com a Lei do Retorno, que faz parte das Leis Espirituais que regem o Universo, por isso, quando algum exu exigir matança de animais, saiba que não se trata de um exu de lei, e sim, de um quiumba. Não faça sacrifícios de animais inocentes ou outras maldades, para não se impregnar com energias de entidades maléficas a tal ponto que só vai te trazer pejuizos nessa encarnação e depois do seu desencarne.
SALVE A UMBANDA DE LUZ!
SARAVA!!!
Os deveres e responsabilidades de um filho de fé na Umbanda Sagrada
Sabe irmãos, existe algo chamado reforma íntima, mudança interior, não adianta você ir ao terreiro vestir o branco, cumprir com os preceitos e não praticar a "Mediunidade" no seu dia-a-dia.
Os guias espirituais são paciente, compreensivos com nossas deficiências, mas tudo dentro da Lei Maior tem um tempo e a sua espiritualidade é conduzida e muito bem observada pelos Sagrados Orixás, não pense que estará impune de seus vícios e mazelas.
Pode ser que até HOJE você não terá que pagar por seus erros, falhas, etc, mas com certeza um dia TUDO que você fez de NEGATIVO a si mesmo ou aos seus semelhantes será retratado e terá você na carne ou em espírito "esgotar" todo seu emocional.
Então porque achar que a Religião Umbanda é só EXTERNA será que ser Templo Vivo de Olorum não é verdadeiramente a Umbanda Sagrada?
Ser um templo vivo é limpá-lo, é retirar, anular, cortar, equilibrar, retratar, redirecionar, respeitar, etc, para só assim depois de muito bem limpo, é que conseguiremos depois de "vazio de coisas negativas" será preenchê-lo de:
FÉ, AMOR, CONHECIMENTO, JUSTIÇA, LEI, EVOLUÇÃO E GERAÇÃO.
Pois na nossa coroa temos todos os Pais e Mães Orixás que são os Senhores da Natureza, administradores e manipuladores das essências e nos chega através dos sentidos virtuosos, vamos dar exemplos:
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo a Fé será humilde, caridosa, simples, iluminada, etc.;
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo o Amor será compreensiva, amável, alegre, etc.;
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo o Conhecimento será interessada em descobrir e aprender buscará o seu melhor, etc.;
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo a Justiça será equilibrada, ponderada, justa, etc.;
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo a Lei será leal, ordenadora, amiga, fiel, companheira, etc.;
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo a Evolução será tranqüila, agirá com sabedoria, aceitará a doutrina em todos os aspectos de sua vida como um caminho transformador;
. Uma pessoa vibrando em seu íntimo a Geração será criativa, perseverante, excelente companheira, etc.
As irradiações vivas dos Sagrados Orixás o tempo todo e todo o tempo nos amparando, só que quando nós, por nossa responsabilidade, colocamos uma "tampa" em "nossa coroa", em nosso chacra coronal (Ori) deixamos de receber essas irradiações, então será que a culpa é só das pessoas que estão a nossa volta ou você é responsável por todos seus pensamentos, atos...
A nossa religião de Umbanda Sagrada têm suas portas abertas, é grande e larga, mas o Tempo e a Lei saberão estreitá-la, pois só os verdadeiros umbandistas de fato conseguirão transportar esta porta pequena e concretizarão e codificarão nossa religião para que ela possa ser a religião como merece ser a religião, onde todos falarão numa só voz:
SOU FILHO DE FÉ!
SOU UMBANDISTA!
Sarava e um grande abraço a todos!
Por Mônica Berezutchi
Estrutura da Umbanda
- Definição da Umbanda
- Origem da Umbanda
- Literatura umbandista
- Centro de umbanda
- Guias da Umbanda
- Lista de linhas de trabalho da umbanda
História e sincretismo
As raízes da Umbanda são difusas. Entretanto, podemos afirmar que ela foi criada em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Antes disso, já havia, de fato, o trabalho de guias (pretos-velhos, caboclos, crianças), assim como religiões ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de Umbanda.
Nesta época, não havia liberdade religiosa. Todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais afros eram perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos.
Em 1945, José Álvares Pessoa, dirigente de uma das sete casas de Umbanda fundadas inicialmente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, obteve junto ao Congresso Nacional a legalização da prática da Umbanda.
A partir dai, muitas tendas cujos rituais não seguiam o recomendado pelo fundador da religião, passaram a dizer-se umbandistas, de forma a fugir da perseguição policial. Foi aí que a religião começou a perder seus contornos bem definidos e a misturar-se com outros tipos de manifestações religiosas. De tal forma que hoje a Umbanda genuína é praticada em pouquíssimas casas.
Hoje, existem diversas ramificações onde podemos encontrar influências que utilizam a palavra Umbanda, como as indígenas (Umbanda de Caboclo), as africanas (Umbandomblé, Umbanda traçada) e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a "Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o sincretismo (associação de santos católicos aos orixás africanos) é muito comum.
Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e os seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido.
Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado a cada orixá.
Alguns exemplos:
- Exu - Santo Antonio no Rio de Janeiro, chamado de Bará no Rio Grande do Sul;
- Oxumare na umbanda - São Bartolomeu no Brasil
- Ogum - São Jorge OU Santo Antonio na Bahia;
- Oxossi - São Sebastião; no Brasil, São Jorge na Bahia;
- Xangô - São Jerônimo,São João Batista, São Miguel Arcanjo
- Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes;
- Oxum - Nossa Senhora da Conceição;
- Iansã - Santa Bárbara;
- Omulu - São Roque;
- Obá - Santa Rita de Cássia, Santa Joana d'Arc
- Obaluaê - São Lázaro;
- Nanã - Sant'Anna;
- Oxalá - Divino Jesus Cristo, o Ser Cristalino.
Os fundamentos
Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:
- A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum. Algumas das entidades, quando incorporadas, podem nomeá-lo de outra forma, como por exemplo Zambi para pretos-velho, Tupã para caboclos, entre outros, mas são todos o mesmo Deus;
- A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
- O culto aos orixás como manifestações divinas, em que cada orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
- A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos";
- O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas;
- Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro;
- A crença na imortalidade da alma;
- A crença na reencarnação e nas leis cármicas;
Um Deus único e superior
Deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos guias (espíritos desencarnados) seu amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual.
Os Orixás
Os Orixás são manifestações do Grande Deus Olorum. Todo o universo surge de Olorum através das radiações que são individualizadas e personificadas em Orixás. Essas radiações são personificadas de formas diferentes nos diversos terreiros - depende da influência histórica que cada um sofreu. A radiação (vibração da água) pode ser relacionada apenas a Iemanjá, mas pode ser subdividida em Oxum: água doce, Nanã: pântano e Iemanjá: mares. Ocorre semelhante com Ossain e Oxóssi.
Muitos escritores da Umbanda relacionam as Sete Linhas aos Orixás, outros preferem relacionar as Sete Linhas com as vibrações e não diretamente a Orixás, já que eles são mais de sete.
Os orixás não são originários da Umbanda, muito antes eles já eram reverenciados nas terras africanas por diversas tribos. Muitos deles não se tornaram conhecidos aqui no Brasil, e até mesmo nas tribos africanas cada uma possuía seu orixás e desconhecia outros que eram cultuados em tribos diferentes.
Quando começou o tráfico de escravos, muitos negros de tribos diferentes foram vendidos juntamente, desta maneira os diversas orixás de tribos distantes se encontraram em terras brasileiras e formaram o grande panteão do Candomblé. Notadamente a nação que mais influenciou foi a Iorubá.
Nesta visão ainda própria dos ritos tribais, o orixá era um ancestral que todos tinham em comum. Geralmente era considerado como o próprio fundador da tribo e deixava grande influência por suas características incomuns de liderança, poderes espirituais e grande habilidade de caça. A tribo tinha no orixá um símbolo da união, pois todos eram filhos diretamente desse grande ancestral; com isso surge o termo Orixá histórico - realmente um rei, rainha, feiticeiro, guerreiro que existiu.
No nascimento do Candomblé, os homens passaram a ser filhos espirituais dos orixás, pois a relação de ancestralidade que existia na tribo não se confirmava mais na nova realidade da América. A partir da Umbanda se configura a uma nova visão: o Orixá Cósmico. O orixá, pela cosmogonia umbandista, nunca viveu na terra, ele é muito mais que o espírito desencarnado de um homem; Toda criação é o resultado do trabalho harmônico dos orixás, espíritos elevadíssimos, verdadeiros arquitetos e mantenedores da criação.
Sincretismo
Indígeno, africano, católico, espírita, outras.
A Umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual etc).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a Umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".
O culto umbandista
A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos orixás e dos seus guias, que na Umbanda se denominam giras.
O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou Sacerdotisa (pode ser Babá, Zelador, Dirigiente, Diretor(a) de culto, Mestre(a), sempre dependendo da forma escolhida por cada casa). São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do terreiro. São quem coordenam as sessões/giras e que irão incorporar o guia-chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos.
Vale lembrar que o termo pai-de-santo ou mãe-de-santo não deve ser aplicado na religião de Umbanda, pois estes termos são oriundos do Candomblé, que é uma religião diferente da Umbanda.
Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns.
Na Umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade.
Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão "emprestar" seus corpos para os guias e para os orixás.
Há também os atabaqueiros, que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira.
Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas que são encarregadas de atender as entidades, provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos.
Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotisa responsável o comando vibratório do rito, grande importância é dada à cooperação, ao trabalho coletivo de toda a corrente mediúnica.
Segundo a Umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser pretos-velhos, caboclos, boiadeiros, mineiros, crianças, marinheiros, ciganos, baianos, orientais, xamãs e exus.
As sessões
O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos… As pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e para resolver problemas espirituais diversos.
As ocorrências mais comuns nessas sessões são o "passe" e o descarrego.
No passe, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar.
O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa da pessoa e a transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém elementos dissipadores dessas energias. Também a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para tratamento ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus (um gênero de espírito desencarnado) para auxiliar a desobsessão.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária.
Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade.
Médiuns
Médium é toda pessoa que, segundo a Doutrina Espírita, tem a capacidade de se comunicar com entidades desencarnadas ou espíritos, seja pela mecânica da incorporação, pela vidência (ver), pela audiência (ouvir) ou pela psicografia (escrever movido pela influência de espíritos).
A Umbanda crê que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento de guias ou entidades espirituais superiores. Para tanto, deve se preparar através do estudo, desenvolvendo a sua mediunidade, sempre prezando a elevação moral e espiritual, a aprendizagem conceitual e prática da Umbanda, respeitar os guias e orixás; ter assiduidade e compromisso com sua casa, ter caridade em seu coração, amor e fé em sua mente e espírito, e saber que a Umbanda é uma prática que deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no terreiro.
Uma das regras básicas da umbanda é que a mediunidade não deve ser vista ou vivenciada vaidosamente como um dom ou poder maior concedido ao médium, mas sim como um compromisso e uma oportunidade que lhe foi dada para resgate kármico e expiação de faltas pregressas antes mesmo da pessoa reencarnar. Por isso não deve ser encarada como um fardo ou como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade valiosa para praticar o bem e a caridade.
Existe médiuns que acabam distorcendo o verdadeiro papel que lhes foi dado e se envaidecem, agindo de forma leviana em suas vidas. O médium deve tangir sua vida como sendo um mensageiro de Deus, dos orixás e guias. Ter um comportamento moral e profissional dignos, ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibracional que eles. Por isso, desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e regido através de um profundo estudo da religião, e seguido por conceitos morais e éticos. Ser orientado e iniciado por uma casa que pratica o bem é essencial.
As pessoas que são médiuns devem levar sempre a sério sua missão, ter muito amor e dar valor ao que fazem, tendo sempre boa-vontade nos trabalhos de seu terreiro e na vida diária.
O médium deve tomar, sempre que necessário, os banhos de descarrego adequados aos seus orixás e guias, estar pontualmente no terreiro com sua roupa sempre limpa, conversar sempre com o chefe espiritual do terreiro quando estiver com alguma dúvida, problema espiritual ou material.
Sobre o estudo da mediunidade e do médium, pode-se utilizar como fonte para estudos a relação que existe abaixo, no item "Literatura Umbandista".
Alguns terreiros utilizam-se das obras Espíritas (codificadas por Allan Kardec), mas a maioria segue as orientações da literatura umbandista que é prolífica nas discussões teóricas e nas orientações práticas. Há livros umbandistas a partir da década de 1930.
Polêmicas dentro das "Umbandas"
Sacrifício ritual de animais
Existem várias ramificações dentro da Religião de Umbanda. Entretanto na umbanda não se usa o sacrifício de animais em hipótese alguma.
Esta prática está ligada a algumas linhas que ainda cultuam junto com a umbanda alguns rituais de religiões afro-brasileiras.
Uso de bebidas alcoólicas
Também encontramos terreiros dos seguintes tipos:
- Os que as entidades incorporadas não usam bebidas (muitas vezes por questão do próprio médium não estar preparado para este tipo de trabalho com bebida) criando uma espécie de tabu;
- Os que elas bebem durante os trabalhos (tanto os que fazem o uso correto deste elemento, como os que abusam);
- Os que usam bebida em situações mais veladas (existindo um certo rigor quanto a sua utilização, buscando coibir abusos de médiuns ainda em preparação).
Toda essa controvérsia é gerada pelo uso que as pessoas fazem das bebidas alcoólicas na vida diária, muitas vezes caindo no vício do alcoolismo, trazendo consequências graves para sua vida material e espiritual.
Ocorre que médiuns predispostos ao vício podem, ao invés de atraírem espíritos de luz, afinizarem-se com espíritos de viciados que já morreram - esses espíritos serão obsessores dessa pessoa, uma vez que ela satisfaz seus desejos materialistas. Note-se que o álcool é um elemento usado na magia para trabalhos para o bem; abusos nunca são tolerados e exibicionismo não são sinais de incorporações de luz.
Existem casas que, por ordem do mentor espiritual, nunca usaram ou deixaram de utilizar o fumo, assim como a bebida alcoólica, sem que por isso, tivessem qualquer problema com as entidades que, por ventura, utilizavam esses elementos. Afinal, os espíritos podem se adaptar e mudar a forma de trabalhar de acordo com o fundamento de cada instituição.
É importante ressaltar, ainda, que quanto menos o espírito utilizar materiais terrenos melhor. Eles podem trabalhar com elementos bastante etéreos e tão eficazes quanto os fluidos do próprio médium.
Paramentos
Na Umbanda, os médiuns usam normalmente como paramentos apenas roupas brancas, podendo estar os pés descalços, representando a simplicidade e a humildade.
Mas há Umbandas que também utilizam roupas com as cores de cada linha. Por exemplo, em giras de Ogum se utiliza camisas ou batas vermelhas e calças e saias brancas.
Nas giras de esquerda as roupas são pretas, sendo que as filhas de santo podem se vestir de vermelho e preto.
Pode ocorrer, por exemplo, que uma entidade de Preta-velha solicite uma saia ou um lenço para amarrar os cabelos; isso visa a proporcionar que o médium se pareça mais com a entidade que está incorporando.
Também há os apetrechos dos guias. Por exemplo, os Caboclos costumam utilizar cocares, alguns utilizam machadinhas de pedra, chocalhos, etc.
Uma outra visão sobre os paramentos e apetrechos materiais utilizados pelos médiuns é de que são usados pelos espíritos como condensadores de energia: um modo de concentrar a energia e depois enviá-la, se positiva, ou dissipá-la no elemento apropriado, quando negativa.
A ATUAÇÃO DOS ORIXÁS
A ATUAÇÃO DOS ORIXÁS
Uma das maiores dificuldades das pessoas é o entendimento da ascendência dos orixás sobre suas
vidas e nós temos insistido nos estágios da evolução que, se formam um continuum na vida dos seres,
no entanto não se processam em uma mesma dimensão.
Se hoje somos espíritos, ontem éramos seres naturais e não precisávamos reencarnar para evoluir. E
anteontem éramos seres encantados da natureza, regidos por Orixás Encantados que direcionavam e
monitoravam mentalmente nossa evolução.
Enfim, um ser não é um produto acabado quando é criado por Deus. E se nos permitem uma
comparação, no momento da nossa criação não éramos diferentes de um óvulo fecundado por um
sêmen, pois desta união surge uma vida, um indivíduo com uma herança genética que controlará sua
formação celular, nervosa, óssea, etc., dotado de um cérebro que lhe facultará um aprendizado contínuo
e uma capacidade de raciocinar já a partir de suas necessidades básicas.
Enquanto estamos protegidos no útero materno, somos o ser que está sendo gerado no íntimo de Deus.
Quando nascemos, o nosso cordão umbilical é cortado e só sobrevivemos porque temos no leite materno
um composto energético que nos fornece todo alimento de que necessitamos para continuarmos vivos e
bem alimentados.
O leite materno, comparativamente, é a energia elemental que dá sustentação energética aos seres
recém-saídos do estágio original da evolução, que alguns chamam de estado virginal do espírito, onde
ainda somos seres virginais porque não entramos em contato com nada do que existe fora do útero
divino.
Nós, quando vivenciamos nosso estágio elemental da evolução, éramos totalmente inconscientes, como
são todos os recém-nascidos, e não dispensávamos o amor, carinho e amparo materno, que recebíamos
de nossas mães elementais.
Elas nos inundavam com suas irradiações de amor e de fé e formaram nossa natureza básica ou
elemental.
As mães elementais formam uma hierarquia divina venerada, adorada e respeitadíssima por todos os
Orixás Encantados e naturais, que as tem na conta de mães divinas puras em todos os sentidos, pois
são puras nos seus elementos e no amor que irradiam.
As mães ígneas irradiam energias elementais puras do fogo e vibram um amor que abrasa quem está
em seu campo vibratório e sob suas irradiações.
E o mesmo acontece com as mães aquáticas, eólicas, telúricas, minerais, vegetais e cristalinas.
Aproximar-se de uma dessas mães é voltar à primeira infância num piscar de olhos, mesmo para um
espírito tão velho quanto eu, Pai Benedito de Aruanda.
Já o segundo estágio de nossa evolução acontece quando o nosso corpo e natureza elemental já estão
formados e aptos a absorverem energias mistas.
Automaticamente somos conduzidos aos jardins de infância dirigidos por nossas mães bielementais,
para absorvermos um segundo elemento e desenvolvermos nosso emocional ou pólo negativo.
Neste estágio dual ou bielemental da evolução, encontramos as nossas amadas mães mistas, tão
amorosas quanto as primeiras, mas atentas ao nosso crescimento e ao desenvolvimento de nossas
faculdades elementares ou básicas, também conhecidas como “instintos básicos”.
Estas nossas amadas mães são conhecidas como: Yemanjás do ar, da terra, dos minerais, dos vegetais
(isto mesmo) e dos cristais. Só não são Yemanjás do fogo, pois estes elementos não combinam com
água, que é o elemento original delas. Mas nós as encontramos nas Oxuns do fogo e também nos outros
elementos, mas não temos as mães Oxuns vegetais no nosso segundo estágio da evolução porque o
elemento puro mineral e o vegetal não se combinam. Elas só surgirão em nossas vidas no nosso quarto
estágio da evolução ou evolução natural, pois aí o mineral, o vegetal, a água, o ar e o fogo formarão um
composto energético já assimilável pelos seres, muito mais desenvolvidos em todos os sentidos.
E assim, em nosso segundo estágio da evolução fomos amparados e instruídos por nossas amadas
mães mistas ou bielementais, que também são amadas, veneradas e respeitadíssimas por todos os
orixás.
Depois de desenvolvermos nossos instintos básicos e nosso emocional, somos conduzidos ao nosso
terceiro estagio da evolução, também conhecido como estágio encantado da evolução dos seres. E
quem nos acolheu no aconchego de seus amores maternos foram as nossas amadas e severas mães
encantadas.
São severas porque sabem que os seres ainda guiados pelos instintos são semelhantes aos
adolescentes do plano material: são emocionais, instintivos, curiosos, inquiridores, um tanto cabeçasduras
e impetuosos!
Ou encontram nas mães encantadas as mestras rigorosas, ou com toda certeza acabarão se
confundindo e trocando os pés pelas mãos, paralisando suas evoluções.
As nossas mães encantadas não são menos amorosas que as duas categorias anteriores, mas exigem
uma obediência total, senão nos dão umas “palmadinhas” para nos recolocar na senda evolutiva.
Elas já são irradiadoras de, no mínimo, três elementos que formam uma quarta energia, que desperta os
sentidos e a sensibilidade nos seres encantados. São tantas as mães encantadas que é impossível
quantificar seu número. E todas são rigorosas, não importando de qual elemento original elas
provenham.
Elas são mães e mestras e tanto nos amam quanto nos instruem. E não nos liberam para o quarto
estágio da evolução enquanto não tiverem plena certeza de que estamos aptos a vivenciá-lo. E mesmo
depois de nos entregar aos cuidados de nossas mães naturais, continuam a vigiar-nos... e a aplicar
corretivos se nos desviamos na nossa conduta pessoal ou do caminho que devemos trilhar.
De vez em quando, tem algum ser natural sendo chamado à razão por alguma delas. E até nós, os
espíritos reintegrados às hierarquias naturais, às vezes somos advertidos quanto ao nosso liberalismo
humano.
Isto de alguns filhos de Santo dizerem que as mães encantadas são intolerantes com suas falhas
individuais e que os punem com severidade, bem... é verdade!
Com elas não tem a desculpa de que depois se conserta o que estragou ou depois se repara um erro.
Ou conserta e repara no ato ou... é posto de castigo e ajoelhado em cima de grãos de milho, certo?
Estas mães encantadas são sensíveis aos seus filhos e fazem de tudo para desenvolver neles os
sentidos que os guiarão pelo resto da vida, deixando de guiarem-se pelos instintos básicos.
Muitos encontram certa dificuldade em deixar de se guiar pelos instintos e acabam sendo recolhidos a
faixas vibratórias especificas, onde esgotarão seus emocionais negativados, pois só depois disso
desenvolverão a percepção e os sentidos se abrirão como canais mentais direcionadores de suas ações.
Só quando desenvolverem plenamente seus sentidos e a percepção, que é o recurso básico usado por
seus filhos, é que as mães encantadas os encaminham às mães naturais, que os receberão e os
sustentarão no quarto estagio da evolução que chamamos de estágio “natural” da evolução.
As mães naturais, ao contrário das mães encantadas, são mais liberais, ainda que mantenham o mesmo
rigor e severidade.
Mas elas dão uma certa liberdade de ação aos seus filhos para que eles possam desenvolver a
consciência. Esse despertar da consciência implica assumir compromissos e sustentar iniciativas
guiadas pelos sentidos e pela consciência.
O mesmo acontece conosco, que viemos do terceiro estágio da evolução, quando também éramos seres
encantados guiados pelos sentidos e pela percepção.
Paralelismo vibratório é um recurso maravilhoso de Deus, pois quando um ser não está evoluindo sob a
regência de uma mãe natural, então ela o encaminha a outra faixa vibratória, onde outro elemento básico
predomina. E nela o ser passará por uma acentuada aceleração ou desaceleração em sua vibração
individual, sempre visando o melhor para ele, que tem de se conscientizar e assumir “conscientemente” a
condução de sua vida, suas iniciativas e suas preferências pessoais.
A quarta faixa vibratória de todas as dimensões naturais, onde não acontece o ciclo encarnacionista,
está, vibratoriamente, no mesmo nível terra da faixa humana onde os espíritos encarnados vivem e
evoluem.
Nós somos espíritos porque, quando desenvolvemos nosso corpo percepcional e passamos a nos guiar
pelos sentidos, fomos espiritualizados ou revestidos de um plasma cristalino que protege nosso corpo
energético para que suportemos as irradiações energéticas que penetram na dimensão humana e a
inundam dos mais variados tipos de energias.
Não nos perguntem porque Deus criou a dimensão humana, pois esta resposta só Ele pode dar. Mas nós
raciocinamos e muitas hipóteses já foram aventadas. A que parece ser a mais lógica é a que indica que o
espírito desenvolve, junto com o despertar da consciência, a criatividade. Se bem que, como aqui na
dimensão humana tudo se desenvolve em dois sentidos, também desenvolvemos a ilusão.
E, enquanto a criatividade humana nos proporciona recursos adicionais à nossa evolução, a ilusão nos
induz ao emocionalismo, ao retorno aos instintos básicos, à paralisação dos nossos sentidos e do nosso
percepcional, à inconsciência e a quedas vibratórias acentuadas que nos afastam do convívio dos
espíritos que nos são afins.
Os nossos irmãos naturais desenvolvem a consciência e apuram ainda mais seus percepcionais,
enquanto nós aperfeiçoamos nossa consciência e apuramos nosso raciocínio, pois a criatividade precisa
de uma apuradíssima capacidade de raciocinar a partir de conceitos abstratos para que cheguemos às
definições corretas que possibilitam a criação “concreta” de novos recursos que facilitarão nossa
evolução.
Esta hipótese se mostra a mais lógica porque nós conhecemos as dimensões naturais e nelas não existe
a criatividade humana, que transforma o meio onde vivemos, altera os nossos costumes, nossas
culturas, nossos ideais... e até criamos religiões. Nas dimensões naturais não existem os nossos tão
abstratos conceitos religiosos e nossas mirabolantes concepções sobre Deus.
O sentido da Fé vai conduzindo todos ao mesmo tempo, pois as vibrações dos orixás irradiadores de
religiosidade são absorvidas por todos ao mesmo tempo. E quando um ser natural desenvolve o sentido
da Fé até seu limite, assim como adquire a plena consciência, então se torna um irradiador natural da fé,
semelhante ao seu orixá regente, que o amparou o tempo todo com suas intensas vibrações
despertadoras dos sentimentos de amor, respeito e reverência para com o Divino Criador, e para com
todas as criaturas, os seres e toda a criação divina.
Este processo evolutivo é contínuo e o chamamos de evolução natural. Porque o ser não tem sua
memória adormecida em momento algum, desde que saiu do útero divino que o gerou. Ele não teve de
reencarnar seguidas vezes e não se esqueceu de nenhuma de suas vivenciaçoes, ocorridas nos três
estágios anteriores da sua evolução.
E, se são semelhantes a nós já que o único diferenciador é o plasma cristalino que envolve nosso corpo
energético, no entanto algo os distingue de nós, pois aos nossos olhos humanos eles são todos “iguais”.
Eles não reencarnam e não são diferenciados pelo corpo carnal, como acontece conosco, os seres
espiritualizados.
Sim, porque se nascermos chineses, nossos espíritos mostrarão os traços característicos desta raça. E
se nascermos negros ou louros, o mesmo acontecerá, ainda que essa membrana plasmática cristalina
possa ser alterada mentalmente por nós, que assumiremos a aparência que desejarmos se dominarmos
esse processo de alteração de nosso corpo plasmático.
Os seres naturais não alteram suas aparências porque lhes falta este revestimento plasmático, e nem
lhes ocorre assumirem outras aparências, pois consideram isto um recurso típico dos seres
espiritualizados, que recorrem às aparências porque procuram iludir-se, já que estão aparentando
alguém que não foram ou são, ou já foram e não são mais.
E as aparências plasmadas não resistem à penetrante visão deles, que nos vêem através de nossos
corpos energéticos, nunca através do nosso corpo plasmático. A eles falta a criatividade e a ilusão, que
são faculdades tipicamente humanas, já que só se desenvolvem no estagio humano da evolução.
No aspecto religioso, eles nominam Deus de Divino Criador e Senhor da Luz da Vida, e quando O
invocam, fazem-no através de cantos mantrânicos, nunca num diálogo coloquial como nós fazemos.
Nós chamamos aos orixás por seus nomes humanos, tais como Ogum, Oxossi, Xangô, Yemanjá, etc.
Mas eles só se dirigem a eles através de seus nomes mantrânicos ou divinos, que é a mesma coisa.
Estes nomes são formados por sílabas e cada uma possui seu tom e sua fonética particular, formando
um canto ou mantra.
Eles não procedem como nós, que a todo instante exclamamos: “Valei-me Deus!”, “Ajude-me, meu Pai
Ogum!”, etc.
Muito antes de o código hebreu proibir o chamamento em vão do nome de Deus, os nossos irmãos
naturais já tinham isto como regra de conduta. E a aplicam aos sagrados orixás, aos quais podem ver o
tempo todo, estejam próximos ou distantes deles, bastando-lhes fixar suas visões no orixá que desejam
focalizar visualmente.
Logo, não existe uma separação visual entre os nossos irmãos naturais e os seus regentes divinos,
mesmo que estejam em outra dimensão.
Já o mesmo não ocorre conosco, os espíritos, pois a encarnação bloqueia nossa visão superior e o
adormecimento de nossa memória nos impede de nos lembrarmos das divindades naturais e de como
focalizá-las visualmente e mentalizá-las vibratoriamente.
Por isto a realidade religiosa dos seres naturais é superior à nossa e dispensa as nossas concepções
abstratas acerca de Deus, das divindades e de como atuam em nossas vidas.
Conosco, a religiosidade tem de ser estimulada verbalmente, senão nosso sentido da fé vai se
atrofiando. Já com eles, que absorvem as irradiações contínuas dos orixás irradiadores da fé e da
religiosidade, isto não acontece em momento algum.
Mas têm um problema comum conosco: às vezes caem vibratoriamente quando se entregam à
vivenciação de seus desejos, de seus instintos e de seus desequilíbrios emocionais. E não são pequenas
essas quedas vibratórias. Quando caem vibratoriamente, afastam-se naturalmente do regente do nível
onde se encontram e vão “descendo” a outros níveis, numa queda contínua que só termina quando
chegam ao pólo magnético negativo da irradiação que os está sustentando.
Se um natural de Ogum começa a cair vibratoriamente por causa de uma das razões que citamos acima,
dificilmente deixa de cair até o pólo magnético negativo da linha de forças irradiantes do mistério da Lei
Divina.
E se, quando vivia sob a irradiação do pólo magnético positivo era irradiante e irradiador de vibrações
ordenadoras e sustentadoras da ordem, no pólo magnético negativo torna-se absorvedor de energias
negativas e assume uma única cor, comum a todos os que estão sob a irradiação de um pólo magnético
negativo.
Quando isto acontece, nós chamamos estes seres de seres negativados, pois são intolerantes,
irascíveis, violentos, perigosos, ensimesmados e refratários a qualquer contato.
Eles se isolam em si mesmos e se autopunem por terem falhado em alguns dos setes sentidos básicos.
Sentem-se indignos dos regentes irradiantes e fogem deles assim que percebem suas aproximações.
Muitos adentram nos níveis vibratórios afins da dimensão humana, no intuito de ocultarem-se da visão e
da luz dos orixás.
Mas, por serem portadores de uma inocência natural, são presas fáceis dos “poderosos” espíritos caídos
nas trevas humanas, que possuem seus sombrios domínios abarrotados de espíritos caídos, também por
vivenciarem seus desejos, por desequilíbrios emocionais e por seus instintos básicos.
Estes poderosos espíritos caídos, os temidos “grandes das Trevas”, recorrem aos seus poderes mentais
e suas faculdades ilusionistas e praticamente escravizam estes seres naturais, hipnotizando-os e
livrando-os de suas culpas conscienciais, adormecendo no intimo deles os sentimentos de vergonha e o
desejo de se autoflagelarem.
Os grandes das Trevas acercam-se desses naturais caídos porque estes são leais, fieis, obedientes e
submissos ao extremo. Além de serem irradiadores de energias negativas muito perigosas para os
espíritos humanos, que somos nós.
Os grandes magos negros das trevas humanas os usam assiduamente para perseguirem seus desafetos
encarnados ou retidos nos sombrios níveis vibratórios das faixas negativas da dimensão espiritual
humana.
Na inocência natural deles está sua fraqueza, pois são iludidos com facilidade e lhes falta o recurso da
criatividade humana para pensarem numa saída racional para o problema que criaram para si mesmos.
Os magos das trevas os induzem a crerem que os orixás luminosos não gostam mais deles e que os
querem longe de seus domínios naturais, despertando neles uma ojeriza à luz e a todos que vivam nas
faixas vibratórias luminosas.
O fato é que, quando alguém, seja um ser natural ou um espírito humano, é portador natural de um
mistério, os seres elementares, os encantados e os naturais vêem o grau e o mistério no seu portador e
o tratam com respeito e reverência e aproxima-se dele para absorverem as suas irradiações naturais,
que contêm as vibrações divinas do mistério que se manifesta através dele e flui junto com suas
irradiações.
Se assim procedem é porque, passando a absorver as irradiações do mistério, chegará um tempo em
que também eles se tornarão irradiadores do mistério que os irradiou e sustentou.
Se existem mistérios humanos?
- Sim, existem os mistérios humanos, irmãos amados!
Nossa criatividade é um deles e tem nos ajudado a superar obstáculos gigantescos em nossa evolução
segmentada, pois ora estamos vivendo no plano material, ora no plano espiritual.
Um outro mistério humano é a faculdade de desenvolvermos mais de um mistério natural em nós
mesmos. Sim, os seres naturais e os encantados só irradiam a partir de si mesmos um mistério, seja ele
de natureza positiva ou negativa.
Mas nós, espíritos humanos, podemos irradiar quantos desejarmos e formos capazes de desenvolver em
nosso íntimo, até um ponto em que passamos a irradiá-los naturalmente, desde que nos coloquemos em
sintonia vibratória com as divindades irradiadoras deles.
Querem um exemplo simples acerca do que estamos comentando? Ei-lo:
Um médium de Umbanda “lida” com vários orixás ao mesmo tempo durante seus trabalhos magísticos.
Num instante ele ativa o mistério de um para, no instante seguinte, ativar o de outro, já afim com sua
nova necessidade. Durante o decorrer de uma engira, vários orixás são invocados e os médiuns vão
assimilando suas irradiações, tornando-se irradiadores das energias deles.
E se invocam Exu, no mesmo instante Exu se manifesta e os médiuns passam a irradiar suas energias.
Essa capacidade humana de lidar com mistérios distintos e ao mesmo tempo só nós, os seres
espiritualizados, possuímos, já que os seres encantados ou naturais de Ogum, por exemplo, só irradiam
qualidades de Ogum, e o tempo todo.
Um encantado ou natural de Oxóssi só irradia qualidades de Oxóssi, o tempo todo. Uma encantada ou
natural de Yemanjá só irradia qualidades de Yemanjá, o tempo todo. Uma encantada ou natural de Oxum
só irradia qualidades de Oxum, o tempo todo.
Por qualidades entendam mistérios e energias!
Já nós, os espíritos humanos, bem, ora estamos irradiando Ogum, ou Oxóssi ou Xangô, ora estamos
irradiando Yemanjá, Oxum, Iansã, etc.
Por que esta diferente capacitação? O que é que nos faculta irradiarmos ora um e ora outro orixá? O que
é que nos diferencia de nossos irmãos encantados ou naturais, que só conseguem irradiar um orixá
apenas?
Bom, esta diferenciação acontece porque um encantado ou natural de Ogum é o que é: Um Ogum
individualizado em si mesmo mas regido o tempo todo pelo mistério Ogum, do qual não consegue se
afastar, desligar ou deixar de irradiar o tempo todo.
Um ser natural Ogum é um Ogum em si mesmo e irradia Ogum o tempo todo, nunca se dissociando de
seu regente divino. E o mesmo acontece com todos os seres elementais, encantados e naturais regidos
pelos outros orixás.
Já o mesmo não acontece com um espírito ou ser humano, pois o simples fato de viver e evoluir na
dimensão humana já lhe faculta a possibilidade única de desenvolver a bipolaridade magnética, vibratória
e irradiadora ou absorvedora de mistérios.
Um espírito humano tem uma direita e uma esquerda, um alto e um embaixo, aos quais manipula
segundo suas afinidades ou necessidades.
Um espírito pode ter no alto o orixá Oxalá, no embaixo o orixá Omulú, na direita a orixá Yemanjá e na
esquerda a orixá Iansã, e pode absorver as irradiações dos quatro, que não deixará de ser o que é: um
espírito humano!
Já um nosso irmão encantado ou natural, bom, ele só absorve as irradiações de um desses quatro orixás
ou entra em desequilíbrio magnético, vibratório e energético e fica confuso e desequilibrado
emocionalmente. E cai! Istoé um dos muitos mistérios humanos, filhos de Fé nos orixás!
O estágio humano da evolução não é superior a nenhum outro. Mas que possui seus mistérios, isto ele
possui! E quando um espírito humano desenvolve-se consciencialmente e adquire controle sobre seu
emocional, logo é atraído pelas hierarquias naturais regidas pelos orixás que o assentam à direita ou à
esquerda e o tornam irradiador de suas energias e mistérios.
Eu mesmo, Benedito de Aruanda, acho que já me assentei à direita ou à esquerda de todos os
senhores(as) Orixás Intermediários naturais e junto de muitos dos senhores(as) Orixás Intermediários
encantados, assim como já fui assentado à direita de alguns(as) Orixás Elementais.
A todos sirvo com fé, amor e profundo respeito, pois entendi que eles formam a imutável e inquebrável
hierarquia divina do Divino Olorum, que é o nosso Divino Criador.
Este servir é irradiar individualmente, e segundo minha limitada capacidade, alguns dos mistérios que
eles irradiam a todos, o tempo todo e de forma multidimensional, pois cada um possui uma irradiação
vertical e outra horizontal, formando a quadratura do círculo onde estão assentados, pois são “Tronos
Divinos”.
Eu, se vos falo dos senhores orixás com tanta naturalidade e conhecimento, é porque dentro dos meus
limites humanos e deles recebi a orientação de ensina-los aos seus filhos que foram espiritualizados,
mas continuam a ser o que nunca deixarão de ser: filhos de orixás.
Sim, todos são filhos de orixás, mas só os que desenvolvem os mistérios humanos (os seres
espiritualizados) conseguem faze-lo sem grandes dificuldades. Se bem que “alguns” acabam
estacionando por muito tempo nas zonas sombrias da dimensão espiritual humana.
Mas isto também acontece nas dimensões naturais regidas pelos orixás, ainda que não chamem o lado
escuro delas de inferno ou umbral, pois lá o nome destas zonas sóbrias é este: pólos negativos!
Sim, os orixás regentes dos pólos negativos sustentam os seres encantados ou naturais que, por alguma
razão, falharam em suas evoluções e tiveram de ser afastados do convívio com os que evoluíam
equilibradamente. Eles estacionam nos níveis vibratórios negativos até que possam retomar, já
equilibrados, suas evoluções naturais, pois eles não reencarnam e não tem suas memórias adormecidas,
como acontece conosco sempre que reencarnamos para superar obstáculos que nos desequilibraram
intensamente. Eles não saem da irradiação do seu regente natural. Assim, um encantado de Ogum, se
vier a se desequilibrar durante seu estágio encantado da evolução, não sairá da dimensão regida pelo
Orixá Ogum. Apenas será atraído pelo pólo magnético negativo que nela existe e, amparado por um
orixá Ogum cósmico, mas de nível intermediário, nele estacionará até que tenha superado o
desequilíbrio que o negativou magneticamente. É um processo seguro, mas lento, de reequilibrá-lo
emocionalmente.
Já o mesmo não acontece nas zonas sombrias da dimensão humana. Nelas sempre tem um “espertinho”
para recepcionar os espíritos negativados que sempre está pronto e disposto a aproveitar-se deles que,
se já estão desequilibrados, muito pior ficarão após suas quedas vertiginosas.
As zonas sombrias humanas são como as prisões do plano material: alguém atropela alguém com seu
veículo. Se for condenado à prisão, vai conviver com assaltantes, estupradores, assassinos frios e
calculistas. Quando sair da prisão, terá feito um estagio completo no mundo da criminalidade, e com
certeza recorrerá aos seus novos “conhecimentos” assim que se ver em dificuldades.
Já o mesmo não acontece nas dimensões naturais. Nelas não se misturam, de forma alguma, seres com
desequilíbrios diferentes. Quem se desequilibrou num sentido não entra em contato com quem se
desequilibrou em outro.
Se um encantado viciou-se nas coisas do sexo, ele irá a um pólo magnético que só atrai encantados
desequilibrados por vícios sexuais. Se um encantado tornou-se violento e gosta de agredir outros
encantados, imediatamente é atraído para um pólo magnético que só atrai encantados violentos e
agressivos... que o agredirão.
A frase: “Os semelhantes se atraem!” se aplica com toda propriedade às dimensões naturais e
parcialmente à dimensão humana, já que aqui outros fatores ponderáveis influenciam as atrações.
Aqui, um assassino frio sente-se atraído sexualmente por uma mulher virtuosa, principalmente se ela for
bonita, e não se incomoda de matar por ela, ou até de matá-la, se não for correspondido ou se ela não se
submeter aos seus desejos imundos. Já nas dimensões naturais, se algum encantado desequilibrou-se e
tornou-se violento, ele não sentirá atração sexual por ninguém, mesmo pela mais bela e atraente das
encantadas.
O desequilíbrio não se generaliza ou alcança outros sentidos e, muito ao contrário, até os anula, pois o
ser passa a viver intensamente o seu desequilíbrio e fecha-se em si mesmo, não suportando o contato
com outros encantados.
É quase que um “autismo”, onde cada um vive seu mundo pessoal e só sai dele em casos extremos.. ou
após esgotar seu negativismo energético e as causas do desequilíbrio emocional que o tornou
magneticamente atrativo pelos pólos negativos da dimensão onde vive e evolui.
(texto extraído do livro: “O Código de Umbanda” – obra inspirada pelos mestres de luz Sr. Ogum Beira Mar,
Pai Benedito de Aruanda, Li-Mahi-An-Seri yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicografada por
Rubens Saraceni).
vidas e nós temos insistido nos estágios da evolução que, se formam um continuum na vida dos seres,
no entanto não se processam em uma mesma dimensão.
Se hoje somos espíritos, ontem éramos seres naturais e não precisávamos reencarnar para evoluir. E
anteontem éramos seres encantados da natureza, regidos por Orixás Encantados que direcionavam e
monitoravam mentalmente nossa evolução.
Enfim, um ser não é um produto acabado quando é criado por Deus. E se nos permitem uma
comparação, no momento da nossa criação não éramos diferentes de um óvulo fecundado por um
sêmen, pois desta união surge uma vida, um indivíduo com uma herança genética que controlará sua
formação celular, nervosa, óssea, etc., dotado de um cérebro que lhe facultará um aprendizado contínuo
e uma capacidade de raciocinar já a partir de suas necessidades básicas.
Enquanto estamos protegidos no útero materno, somos o ser que está sendo gerado no íntimo de Deus.
Quando nascemos, o nosso cordão umbilical é cortado e só sobrevivemos porque temos no leite materno
um composto energético que nos fornece todo alimento de que necessitamos para continuarmos vivos e
bem alimentados.
O leite materno, comparativamente, é a energia elemental que dá sustentação energética aos seres
recém-saídos do estágio original da evolução, que alguns chamam de estado virginal do espírito, onde
ainda somos seres virginais porque não entramos em contato com nada do que existe fora do útero
divino.
Nós, quando vivenciamos nosso estágio elemental da evolução, éramos totalmente inconscientes, como
são todos os recém-nascidos, e não dispensávamos o amor, carinho e amparo materno, que recebíamos
de nossas mães elementais.
Elas nos inundavam com suas irradiações de amor e de fé e formaram nossa natureza básica ou
elemental.
As mães elementais formam uma hierarquia divina venerada, adorada e respeitadíssima por todos os
Orixás Encantados e naturais, que as tem na conta de mães divinas puras em todos os sentidos, pois
são puras nos seus elementos e no amor que irradiam.
As mães ígneas irradiam energias elementais puras do fogo e vibram um amor que abrasa quem está
em seu campo vibratório e sob suas irradiações.
E o mesmo acontece com as mães aquáticas, eólicas, telúricas, minerais, vegetais e cristalinas.
Aproximar-se de uma dessas mães é voltar à primeira infância num piscar de olhos, mesmo para um
espírito tão velho quanto eu, Pai Benedito de Aruanda.
Já o segundo estágio de nossa evolução acontece quando o nosso corpo e natureza elemental já estão
formados e aptos a absorverem energias mistas.
Automaticamente somos conduzidos aos jardins de infância dirigidos por nossas mães bielementais,
para absorvermos um segundo elemento e desenvolvermos nosso emocional ou pólo negativo.
Neste estágio dual ou bielemental da evolução, encontramos as nossas amadas mães mistas, tão
amorosas quanto as primeiras, mas atentas ao nosso crescimento e ao desenvolvimento de nossas
faculdades elementares ou básicas, também conhecidas como “instintos básicos”.
Estas nossas amadas mães são conhecidas como: Yemanjás do ar, da terra, dos minerais, dos vegetais
(isto mesmo) e dos cristais. Só não são Yemanjás do fogo, pois estes elementos não combinam com
água, que é o elemento original delas. Mas nós as encontramos nas Oxuns do fogo e também nos outros
elementos, mas não temos as mães Oxuns vegetais no nosso segundo estágio da evolução porque o
elemento puro mineral e o vegetal não se combinam. Elas só surgirão em nossas vidas no nosso quarto
estágio da evolução ou evolução natural, pois aí o mineral, o vegetal, a água, o ar e o fogo formarão um
composto energético já assimilável pelos seres, muito mais desenvolvidos em todos os sentidos.
E assim, em nosso segundo estágio da evolução fomos amparados e instruídos por nossas amadas
mães mistas ou bielementais, que também são amadas, veneradas e respeitadíssimas por todos os
orixás.
Depois de desenvolvermos nossos instintos básicos e nosso emocional, somos conduzidos ao nosso
terceiro estagio da evolução, também conhecido como estágio encantado da evolução dos seres. E
quem nos acolheu no aconchego de seus amores maternos foram as nossas amadas e severas mães
encantadas.
São severas porque sabem que os seres ainda guiados pelos instintos são semelhantes aos
adolescentes do plano material: são emocionais, instintivos, curiosos, inquiridores, um tanto cabeçasduras
e impetuosos!
Ou encontram nas mães encantadas as mestras rigorosas, ou com toda certeza acabarão se
confundindo e trocando os pés pelas mãos, paralisando suas evoluções.
As nossas mães encantadas não são menos amorosas que as duas categorias anteriores, mas exigem
uma obediência total, senão nos dão umas “palmadinhas” para nos recolocar na senda evolutiva.
Elas já são irradiadoras de, no mínimo, três elementos que formam uma quarta energia, que desperta os
sentidos e a sensibilidade nos seres encantados. São tantas as mães encantadas que é impossível
quantificar seu número. E todas são rigorosas, não importando de qual elemento original elas
provenham.
Elas são mães e mestras e tanto nos amam quanto nos instruem. E não nos liberam para o quarto
estágio da evolução enquanto não tiverem plena certeza de que estamos aptos a vivenciá-lo. E mesmo
depois de nos entregar aos cuidados de nossas mães naturais, continuam a vigiar-nos... e a aplicar
corretivos se nos desviamos na nossa conduta pessoal ou do caminho que devemos trilhar.
De vez em quando, tem algum ser natural sendo chamado à razão por alguma delas. E até nós, os
espíritos reintegrados às hierarquias naturais, às vezes somos advertidos quanto ao nosso liberalismo
humano.
Isto de alguns filhos de Santo dizerem que as mães encantadas são intolerantes com suas falhas
individuais e que os punem com severidade, bem... é verdade!
Com elas não tem a desculpa de que depois se conserta o que estragou ou depois se repara um erro.
Ou conserta e repara no ato ou... é posto de castigo e ajoelhado em cima de grãos de milho, certo?
Estas mães encantadas são sensíveis aos seus filhos e fazem de tudo para desenvolver neles os
sentidos que os guiarão pelo resto da vida, deixando de guiarem-se pelos instintos básicos.
Muitos encontram certa dificuldade em deixar de se guiar pelos instintos e acabam sendo recolhidos a
faixas vibratórias especificas, onde esgotarão seus emocionais negativados, pois só depois disso
desenvolverão a percepção e os sentidos se abrirão como canais mentais direcionadores de suas ações.
Só quando desenvolverem plenamente seus sentidos e a percepção, que é o recurso básico usado por
seus filhos, é que as mães encantadas os encaminham às mães naturais, que os receberão e os
sustentarão no quarto estagio da evolução que chamamos de estágio “natural” da evolução.
As mães naturais, ao contrário das mães encantadas, são mais liberais, ainda que mantenham o mesmo
rigor e severidade.
Mas elas dão uma certa liberdade de ação aos seus filhos para que eles possam desenvolver a
consciência. Esse despertar da consciência implica assumir compromissos e sustentar iniciativas
guiadas pelos sentidos e pela consciência.
O mesmo acontece conosco, que viemos do terceiro estágio da evolução, quando também éramos seres
encantados guiados pelos sentidos e pela percepção.
Paralelismo vibratório é um recurso maravilhoso de Deus, pois quando um ser não está evoluindo sob a
regência de uma mãe natural, então ela o encaminha a outra faixa vibratória, onde outro elemento básico
predomina. E nela o ser passará por uma acentuada aceleração ou desaceleração em sua vibração
individual, sempre visando o melhor para ele, que tem de se conscientizar e assumir “conscientemente” a
condução de sua vida, suas iniciativas e suas preferências pessoais.
A quarta faixa vibratória de todas as dimensões naturais, onde não acontece o ciclo encarnacionista,
está, vibratoriamente, no mesmo nível terra da faixa humana onde os espíritos encarnados vivem e
evoluem.
Nós somos espíritos porque, quando desenvolvemos nosso corpo percepcional e passamos a nos guiar
pelos sentidos, fomos espiritualizados ou revestidos de um plasma cristalino que protege nosso corpo
energético para que suportemos as irradiações energéticas que penetram na dimensão humana e a
inundam dos mais variados tipos de energias.
Não nos perguntem porque Deus criou a dimensão humana, pois esta resposta só Ele pode dar. Mas nós
raciocinamos e muitas hipóteses já foram aventadas. A que parece ser a mais lógica é a que indica que o
espírito desenvolve, junto com o despertar da consciência, a criatividade. Se bem que, como aqui na
dimensão humana tudo se desenvolve em dois sentidos, também desenvolvemos a ilusão.
E, enquanto a criatividade humana nos proporciona recursos adicionais à nossa evolução, a ilusão nos
induz ao emocionalismo, ao retorno aos instintos básicos, à paralisação dos nossos sentidos e do nosso
percepcional, à inconsciência e a quedas vibratórias acentuadas que nos afastam do convívio dos
espíritos que nos são afins.
Os nossos irmãos naturais desenvolvem a consciência e apuram ainda mais seus percepcionais,
enquanto nós aperfeiçoamos nossa consciência e apuramos nosso raciocínio, pois a criatividade precisa
de uma apuradíssima capacidade de raciocinar a partir de conceitos abstratos para que cheguemos às
definições corretas que possibilitam a criação “concreta” de novos recursos que facilitarão nossa
evolução.
Esta hipótese se mostra a mais lógica porque nós conhecemos as dimensões naturais e nelas não existe
a criatividade humana, que transforma o meio onde vivemos, altera os nossos costumes, nossas
culturas, nossos ideais... e até criamos religiões. Nas dimensões naturais não existem os nossos tão
abstratos conceitos religiosos e nossas mirabolantes concepções sobre Deus.
O sentido da Fé vai conduzindo todos ao mesmo tempo, pois as vibrações dos orixás irradiadores de
religiosidade são absorvidas por todos ao mesmo tempo. E quando um ser natural desenvolve o sentido
da Fé até seu limite, assim como adquire a plena consciência, então se torna um irradiador natural da fé,
semelhante ao seu orixá regente, que o amparou o tempo todo com suas intensas vibrações
despertadoras dos sentimentos de amor, respeito e reverência para com o Divino Criador, e para com
todas as criaturas, os seres e toda a criação divina.
Este processo evolutivo é contínuo e o chamamos de evolução natural. Porque o ser não tem sua
memória adormecida em momento algum, desde que saiu do útero divino que o gerou. Ele não teve de
reencarnar seguidas vezes e não se esqueceu de nenhuma de suas vivenciaçoes, ocorridas nos três
estágios anteriores da sua evolução.
E, se são semelhantes a nós já que o único diferenciador é o plasma cristalino que envolve nosso corpo
energético, no entanto algo os distingue de nós, pois aos nossos olhos humanos eles são todos “iguais”.
Eles não reencarnam e não são diferenciados pelo corpo carnal, como acontece conosco, os seres
espiritualizados.
Sim, porque se nascermos chineses, nossos espíritos mostrarão os traços característicos desta raça. E
se nascermos negros ou louros, o mesmo acontecerá, ainda que essa membrana plasmática cristalina
possa ser alterada mentalmente por nós, que assumiremos a aparência que desejarmos se dominarmos
esse processo de alteração de nosso corpo plasmático.
Os seres naturais não alteram suas aparências porque lhes falta este revestimento plasmático, e nem
lhes ocorre assumirem outras aparências, pois consideram isto um recurso típico dos seres
espiritualizados, que recorrem às aparências porque procuram iludir-se, já que estão aparentando
alguém que não foram ou são, ou já foram e não são mais.
E as aparências plasmadas não resistem à penetrante visão deles, que nos vêem através de nossos
corpos energéticos, nunca através do nosso corpo plasmático. A eles falta a criatividade e a ilusão, que
são faculdades tipicamente humanas, já que só se desenvolvem no estagio humano da evolução.
No aspecto religioso, eles nominam Deus de Divino Criador e Senhor da Luz da Vida, e quando O
invocam, fazem-no através de cantos mantrânicos, nunca num diálogo coloquial como nós fazemos.
Nós chamamos aos orixás por seus nomes humanos, tais como Ogum, Oxossi, Xangô, Yemanjá, etc.
Mas eles só se dirigem a eles através de seus nomes mantrânicos ou divinos, que é a mesma coisa.
Estes nomes são formados por sílabas e cada uma possui seu tom e sua fonética particular, formando
um canto ou mantra.
Eles não procedem como nós, que a todo instante exclamamos: “Valei-me Deus!”, “Ajude-me, meu Pai
Ogum!”, etc.
Muito antes de o código hebreu proibir o chamamento em vão do nome de Deus, os nossos irmãos
naturais já tinham isto como regra de conduta. E a aplicam aos sagrados orixás, aos quais podem ver o
tempo todo, estejam próximos ou distantes deles, bastando-lhes fixar suas visões no orixá que desejam
focalizar visualmente.
Logo, não existe uma separação visual entre os nossos irmãos naturais e os seus regentes divinos,
mesmo que estejam em outra dimensão.
Já o mesmo não ocorre conosco, os espíritos, pois a encarnação bloqueia nossa visão superior e o
adormecimento de nossa memória nos impede de nos lembrarmos das divindades naturais e de como
focalizá-las visualmente e mentalizá-las vibratoriamente.
Por isto a realidade religiosa dos seres naturais é superior à nossa e dispensa as nossas concepções
abstratas acerca de Deus, das divindades e de como atuam em nossas vidas.
Conosco, a religiosidade tem de ser estimulada verbalmente, senão nosso sentido da fé vai se
atrofiando. Já com eles, que absorvem as irradiações contínuas dos orixás irradiadores da fé e da
religiosidade, isto não acontece em momento algum.
Mas têm um problema comum conosco: às vezes caem vibratoriamente quando se entregam à
vivenciação de seus desejos, de seus instintos e de seus desequilíbrios emocionais. E não são pequenas
essas quedas vibratórias. Quando caem vibratoriamente, afastam-se naturalmente do regente do nível
onde se encontram e vão “descendo” a outros níveis, numa queda contínua que só termina quando
chegam ao pólo magnético negativo da irradiação que os está sustentando.
Se um natural de Ogum começa a cair vibratoriamente por causa de uma das razões que citamos acima,
dificilmente deixa de cair até o pólo magnético negativo da linha de forças irradiantes do mistério da Lei
Divina.
E se, quando vivia sob a irradiação do pólo magnético positivo era irradiante e irradiador de vibrações
ordenadoras e sustentadoras da ordem, no pólo magnético negativo torna-se absorvedor de energias
negativas e assume uma única cor, comum a todos os que estão sob a irradiação de um pólo magnético
negativo.
Quando isto acontece, nós chamamos estes seres de seres negativados, pois são intolerantes,
irascíveis, violentos, perigosos, ensimesmados e refratários a qualquer contato.
Eles se isolam em si mesmos e se autopunem por terem falhado em alguns dos setes sentidos básicos.
Sentem-se indignos dos regentes irradiantes e fogem deles assim que percebem suas aproximações.
Muitos adentram nos níveis vibratórios afins da dimensão humana, no intuito de ocultarem-se da visão e
da luz dos orixás.
Mas, por serem portadores de uma inocência natural, são presas fáceis dos “poderosos” espíritos caídos
nas trevas humanas, que possuem seus sombrios domínios abarrotados de espíritos caídos, também por
vivenciarem seus desejos, por desequilíbrios emocionais e por seus instintos básicos.
Estes poderosos espíritos caídos, os temidos “grandes das Trevas”, recorrem aos seus poderes mentais
e suas faculdades ilusionistas e praticamente escravizam estes seres naturais, hipnotizando-os e
livrando-os de suas culpas conscienciais, adormecendo no intimo deles os sentimentos de vergonha e o
desejo de se autoflagelarem.
Os grandes das Trevas acercam-se desses naturais caídos porque estes são leais, fieis, obedientes e
submissos ao extremo. Além de serem irradiadores de energias negativas muito perigosas para os
espíritos humanos, que somos nós.
Os grandes magos negros das trevas humanas os usam assiduamente para perseguirem seus desafetos
encarnados ou retidos nos sombrios níveis vibratórios das faixas negativas da dimensão espiritual
humana.
Na inocência natural deles está sua fraqueza, pois são iludidos com facilidade e lhes falta o recurso da
criatividade humana para pensarem numa saída racional para o problema que criaram para si mesmos.
Os magos das trevas os induzem a crerem que os orixás luminosos não gostam mais deles e que os
querem longe de seus domínios naturais, despertando neles uma ojeriza à luz e a todos que vivam nas
faixas vibratórias luminosas.
O fato é que, quando alguém, seja um ser natural ou um espírito humano, é portador natural de um
mistério, os seres elementares, os encantados e os naturais vêem o grau e o mistério no seu portador e
o tratam com respeito e reverência e aproxima-se dele para absorverem as suas irradiações naturais,
que contêm as vibrações divinas do mistério que se manifesta através dele e flui junto com suas
irradiações.
Se assim procedem é porque, passando a absorver as irradiações do mistério, chegará um tempo em
que também eles se tornarão irradiadores do mistério que os irradiou e sustentou.
Se existem mistérios humanos?
- Sim, existem os mistérios humanos, irmãos amados!
Nossa criatividade é um deles e tem nos ajudado a superar obstáculos gigantescos em nossa evolução
segmentada, pois ora estamos vivendo no plano material, ora no plano espiritual.
Um outro mistério humano é a faculdade de desenvolvermos mais de um mistério natural em nós
mesmos. Sim, os seres naturais e os encantados só irradiam a partir de si mesmos um mistério, seja ele
de natureza positiva ou negativa.
Mas nós, espíritos humanos, podemos irradiar quantos desejarmos e formos capazes de desenvolver em
nosso íntimo, até um ponto em que passamos a irradiá-los naturalmente, desde que nos coloquemos em
sintonia vibratória com as divindades irradiadoras deles.
Querem um exemplo simples acerca do que estamos comentando? Ei-lo:
Um médium de Umbanda “lida” com vários orixás ao mesmo tempo durante seus trabalhos magísticos.
Num instante ele ativa o mistério de um para, no instante seguinte, ativar o de outro, já afim com sua
nova necessidade. Durante o decorrer de uma engira, vários orixás são invocados e os médiuns vão
assimilando suas irradiações, tornando-se irradiadores das energias deles.
E se invocam Exu, no mesmo instante Exu se manifesta e os médiuns passam a irradiar suas energias.
Essa capacidade humana de lidar com mistérios distintos e ao mesmo tempo só nós, os seres
espiritualizados, possuímos, já que os seres encantados ou naturais de Ogum, por exemplo, só irradiam
qualidades de Ogum, e o tempo todo.
Um encantado ou natural de Oxóssi só irradia qualidades de Oxóssi, o tempo todo. Uma encantada ou
natural de Yemanjá só irradia qualidades de Yemanjá, o tempo todo. Uma encantada ou natural de Oxum
só irradia qualidades de Oxum, o tempo todo.
Por qualidades entendam mistérios e energias!
Já nós, os espíritos humanos, bem, ora estamos irradiando Ogum, ou Oxóssi ou Xangô, ora estamos
irradiando Yemanjá, Oxum, Iansã, etc.
Por que esta diferente capacitação? O que é que nos faculta irradiarmos ora um e ora outro orixá? O que
é que nos diferencia de nossos irmãos encantados ou naturais, que só conseguem irradiar um orixá
apenas?
Bom, esta diferenciação acontece porque um encantado ou natural de Ogum é o que é: Um Ogum
individualizado em si mesmo mas regido o tempo todo pelo mistério Ogum, do qual não consegue se
afastar, desligar ou deixar de irradiar o tempo todo.
Um ser natural Ogum é um Ogum em si mesmo e irradia Ogum o tempo todo, nunca se dissociando de
seu regente divino. E o mesmo acontece com todos os seres elementais, encantados e naturais regidos
pelos outros orixás.
Já o mesmo não acontece com um espírito ou ser humano, pois o simples fato de viver e evoluir na
dimensão humana já lhe faculta a possibilidade única de desenvolver a bipolaridade magnética, vibratória
e irradiadora ou absorvedora de mistérios.
Um espírito humano tem uma direita e uma esquerda, um alto e um embaixo, aos quais manipula
segundo suas afinidades ou necessidades.
Um espírito pode ter no alto o orixá Oxalá, no embaixo o orixá Omulú, na direita a orixá Yemanjá e na
esquerda a orixá Iansã, e pode absorver as irradiações dos quatro, que não deixará de ser o que é: um
espírito humano!
Já um nosso irmão encantado ou natural, bom, ele só absorve as irradiações de um desses quatro orixás
ou entra em desequilíbrio magnético, vibratório e energético e fica confuso e desequilibrado
emocionalmente. E cai! Istoé um dos muitos mistérios humanos, filhos de Fé nos orixás!
O estágio humano da evolução não é superior a nenhum outro. Mas que possui seus mistérios, isto ele
possui! E quando um espírito humano desenvolve-se consciencialmente e adquire controle sobre seu
emocional, logo é atraído pelas hierarquias naturais regidas pelos orixás que o assentam à direita ou à
esquerda e o tornam irradiador de suas energias e mistérios.
Eu mesmo, Benedito de Aruanda, acho que já me assentei à direita ou à esquerda de todos os
senhores(as) Orixás Intermediários naturais e junto de muitos dos senhores(as) Orixás Intermediários
encantados, assim como já fui assentado à direita de alguns(as) Orixás Elementais.
A todos sirvo com fé, amor e profundo respeito, pois entendi que eles formam a imutável e inquebrável
hierarquia divina do Divino Olorum, que é o nosso Divino Criador.
Este servir é irradiar individualmente, e segundo minha limitada capacidade, alguns dos mistérios que
eles irradiam a todos, o tempo todo e de forma multidimensional, pois cada um possui uma irradiação
vertical e outra horizontal, formando a quadratura do círculo onde estão assentados, pois são “Tronos
Divinos”.
Eu, se vos falo dos senhores orixás com tanta naturalidade e conhecimento, é porque dentro dos meus
limites humanos e deles recebi a orientação de ensina-los aos seus filhos que foram espiritualizados,
mas continuam a ser o que nunca deixarão de ser: filhos de orixás.
Sim, todos são filhos de orixás, mas só os que desenvolvem os mistérios humanos (os seres
espiritualizados) conseguem faze-lo sem grandes dificuldades. Se bem que “alguns” acabam
estacionando por muito tempo nas zonas sombrias da dimensão espiritual humana.
Mas isto também acontece nas dimensões naturais regidas pelos orixás, ainda que não chamem o lado
escuro delas de inferno ou umbral, pois lá o nome destas zonas sóbrias é este: pólos negativos!
Sim, os orixás regentes dos pólos negativos sustentam os seres encantados ou naturais que, por alguma
razão, falharam em suas evoluções e tiveram de ser afastados do convívio com os que evoluíam
equilibradamente. Eles estacionam nos níveis vibratórios negativos até que possam retomar, já
equilibrados, suas evoluções naturais, pois eles não reencarnam e não tem suas memórias adormecidas,
como acontece conosco sempre que reencarnamos para superar obstáculos que nos desequilibraram
intensamente. Eles não saem da irradiação do seu regente natural. Assim, um encantado de Ogum, se
vier a se desequilibrar durante seu estágio encantado da evolução, não sairá da dimensão regida pelo
Orixá Ogum. Apenas será atraído pelo pólo magnético negativo que nela existe e, amparado por um
orixá Ogum cósmico, mas de nível intermediário, nele estacionará até que tenha superado o
desequilíbrio que o negativou magneticamente. É um processo seguro, mas lento, de reequilibrá-lo
emocionalmente.
Já o mesmo não acontece nas zonas sombrias da dimensão humana. Nelas sempre tem um “espertinho”
para recepcionar os espíritos negativados que sempre está pronto e disposto a aproveitar-se deles que,
se já estão desequilibrados, muito pior ficarão após suas quedas vertiginosas.
As zonas sombrias humanas são como as prisões do plano material: alguém atropela alguém com seu
veículo. Se for condenado à prisão, vai conviver com assaltantes, estupradores, assassinos frios e
calculistas. Quando sair da prisão, terá feito um estagio completo no mundo da criminalidade, e com
certeza recorrerá aos seus novos “conhecimentos” assim que se ver em dificuldades.
Já o mesmo não acontece nas dimensões naturais. Nelas não se misturam, de forma alguma, seres com
desequilíbrios diferentes. Quem se desequilibrou num sentido não entra em contato com quem se
desequilibrou em outro.
Se um encantado viciou-se nas coisas do sexo, ele irá a um pólo magnético que só atrai encantados
desequilibrados por vícios sexuais. Se um encantado tornou-se violento e gosta de agredir outros
encantados, imediatamente é atraído para um pólo magnético que só atrai encantados violentos e
agressivos... que o agredirão.
A frase: “Os semelhantes se atraem!” se aplica com toda propriedade às dimensões naturais e
parcialmente à dimensão humana, já que aqui outros fatores ponderáveis influenciam as atrações.
Aqui, um assassino frio sente-se atraído sexualmente por uma mulher virtuosa, principalmente se ela for
bonita, e não se incomoda de matar por ela, ou até de matá-la, se não for correspondido ou se ela não se
submeter aos seus desejos imundos. Já nas dimensões naturais, se algum encantado desequilibrou-se e
tornou-se violento, ele não sentirá atração sexual por ninguém, mesmo pela mais bela e atraente das
encantadas.
O desequilíbrio não se generaliza ou alcança outros sentidos e, muito ao contrário, até os anula, pois o
ser passa a viver intensamente o seu desequilíbrio e fecha-se em si mesmo, não suportando o contato
com outros encantados.
É quase que um “autismo”, onde cada um vive seu mundo pessoal e só sai dele em casos extremos.. ou
após esgotar seu negativismo energético e as causas do desequilíbrio emocional que o tornou
magneticamente atrativo pelos pólos negativos da dimensão onde vive e evolui.
(texto extraído do livro: “O Código de Umbanda” – obra inspirada pelos mestres de luz Sr. Ogum Beira Mar,
Pai Benedito de Aruanda, Li-Mahi-An-Seri yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicografada por
Rubens Saraceni).
adorei a pesquisa
ResponderExcluirMuito boa e bem detalhada.
ResponderExcluirMuito bom, esclarecedora. Instigadora.
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