UM TIPO DE RELIGIÃO - A PAJELANÇA OU XAMANISMO:
A Medicina dos Povos Nativos. Medicina, segundo a tradição
nativa americana, é tudo aquilo que cura o corpo, a mente e o espírito. O
grande representante da medicina junto aos índios americanos é o XAMÃ, e para
os indígenas brasileiros é o PAJÉ. Entre os índios, tanto o Xamã como o Pajé
são considerados mágicos, médico e vidente. O Xamanismo ou a Pajelança, segundo
os antropólogos, iniciou na Sibéria com os Povos Tugus, e começou a ser
praticado há pelo menos 10.000 anos, e não é uma religião. Trata-se de uma
filosofia que sofre variações de cultura para cultura, mas que tem como
princípio a conexão com a dimensão espiritual.
A palavra Xamã vem do tungue “saman”, aparentado com o
sanscrito “sramana” e com o Pali “samana”, que significa: “homem inspirado
pelos espíritos”.
O princípio do Xamanismo ou Pajelança, vem de antigas
culturas que acreditam que os espíritos controlam tudo, inclusive a saúde, e
que o Xamã ou o Pajé, como elemento de ligação entre o nosso mundo e o
espiritual, é o grande curador. O Xamã somente trabalha estando com o seu
estado de consciência alterado em êxtase, o qual é chamado de “Estado de
Consciência Xamânica”, e nesse estado realiza curas utilizando os poderes dos
minerais, dos vegetais e dos animais. Em todas as situações, o Xamã se faz
acompanhar de seu animal espiritual tutelar protetor, e com o qual desce aos
Mundos Inferiores e Superiores, onde vai buscar os elementos necessários para
as respostas das consultas ou curas solicitadas.
Na função de Xamã ou Pajé, cuidam da saúde de todos os
índios da aldeia, aconselham seu povo e protegem a aldeia dos maus espíritos,
devendo conhecer as ervas, plantas e raízes, e com elas preparar os remédios.
Para suas práticas de cura, o Xamã ou Pajé se utilizam de
instrumentos como o tambor, o chocalho (maraca), o fumo, cantos e danças, e em
suas cerimônias mágicas religiosas, reza, canta e dança para afastar a doença
de seu paciente.
O Pajé tem o poder de falar com os espíritos da natureza e
dos seus antepassados. Esses contatos espirituais se processam após o Pajé se
induzir ao sonho ou à visão espiritual, por intermédio de técnicas só por ele
conhecidas e a finalidade é dos espíritos o orientarem sobre como proceder para
cada caso.
O Xamã ou Pajé também é o contador oficial das histórias de
seu povo.
A formação de um Xamã ou Pajé não se dá por escolha
aleatória entre os índios e sim recai naturalmente para o que apresentar o dom,
e este recebe as instruções e iniciações do mais antigo, e nesta iniciação está
incluso o conhecimento primeiro da pessoa, espírito e seus medos interiores,
disciplina e disponibilidade para entrar em contato consigo mesmo e com o mundo
espiritual, conhecimento do mundo espiritual e da natureza, “domínio” dos
espíritos do fogo, da água, do ar, da terra, bem como dos espíritos de mortos,
das matas, das florestas e de animais da terra, água e ar; mas, o conhecimento
só pode ser adquirido através das experiências individuais do futuro Xamã ou
Pajé.
O Xamã ou Pajé, vive entre os índios, de certa forma, de um
jeito especial. Pratica uma dieta alimentar rigorosa, come muita pimenta e
pouco açúcar, e em alguns períodos é obrigado a se isolar em campos sagrados,
fazer jejum, orar, e a praticar a abstinência sexual.
O Xamanismo ou a Pajelança prega que toda doença começa com
a liberação de uma energia negativa que pode ser desde pensamentos até
sentimentos como ódio, raiva ou inveja. Também, que se o corpo não é bem
cuidado, isso traz doenças fatais, e que em todas as doenças há a participação
de um espírito em que, se afastado, também a doença vai embora.
Existem poucas diferenças entre o que praticam os Xamãs e os
Pajés Brasileiros. Os pontos comuns entre ambas as culturas são os da
revelação, visão e audição espiritual, sendo considerado Xamã ou Pajé, somente
aquele que consegue entrar e sair dos estados alterados de consciência e
trazendo os ensinamentos e curas para si e para os outros, com técnicas
próprias e exclusivas, tendo à sua disposição espíritos, seres ou entidades, que
quando chamados, o atendem prontamente.
O universalismo do Xamanismo ou da Pajelança: O Xamanismo e
a Pajelança pregam o bem viver em harmonia com a Natureza, pois o homem não
vive sem o ar, a terra, a água, o fogo, o vegetal e as vidas inferiores, portanto
devendo estes elementos serem preservados.
Diferenças e pontos de encontro entre as culturas de
Xamanismo e Pajelança:
Entre os índios Camaiurás não existem mulheres pajés, ao
passo que entre os índios Guarabus, as mulheres são as pajés. Os cantos dos
rituais Xamânicos dos índios Navajos do Novo México é idêntico aos cantos dos
rituais de Pajelança dos índios Tupyguaras do Brasil; sendo que ambos lembram o
som feito por animais. Os índios americanos usam o tambor, e os índios
brasileiros usam mais a maraca (chacoalho), e ambos usam da arte da poesia
cantada. Ambos usam a fumaça.
A lenda indígena brasileira sobre a Pajelança, contada por
muitas tribos:
Observação 1: A lenda que é contada pelos índios, tem outro
enfoque,quando comparada com a lenda de Sumé, tendo origem no Apóstlo Thomé.
Veja as diferenças e pontos de encontro.
A lenda indígena: Em tempo idos (cerca de 2.000 anos atrás),
nasceu um índio Tupynambá chamado “Sumé” ou “Uimé”, que recebeu muitos nomes.
Um deles foi “Agnã” e, entre os Guaranis foi chamado de “Nadru-Mbaecuaá”. O
Povo Tupynambá, era descendente do Povo Tubuguaçus e predominavam no Planalto
Central Brasileiro e nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. O nascimento de Sumé
tinha sido profetizado, como sendo “aquele que vinha ensinar todos os
segredos”. À exemplo de Jesus (e tantos outros nas histórias das religiões),
Sumé também nasceu de uma virgem. Sumé cresceu, se destacou em sabedoria,
inteligência e foi o primeiro dos Pajés, e deixou ensinamentos sobre o amor, a
beleza da vida e a comunhão com a natureza. Como os curadores das tribos usavam
indiscriminadamente muitas plantas e até venenosas para suas curas, o que vinha
até a matar o doente, Sumé ensinou o verdadeiro conhecimento das ervas e
raízes, ensinando sobre as que eram benéficas e as que eram venenosas, bem como
instituiu a experimentação animal para quaisquer beberragem antes da
administração ao doente. Sobre as coisas espirituais, mostrou a Constelação do
Cruzeiro do Sul, dizendo que pela contemplação da cruz formada, de lá viria um
poder enorme que os levariam à felicidade.
Observação 2: Isso explica o porque dos portugueses serem
bem recebidos pelos índios brasileiros, inclusive sendo considerados como os
“deuses profetizados por Sumé, que um dia os viriam buscar e levá-los para as
estrelas da Constelação do Cruzeiro do Sul”, pois o símbolo na bandeira
portuguesa era a Cruz de Malta., e estas bandeiras estavam ostentadas nos
mastros dos navios, bem como os soldados carregavam flâmulas e as mesmas
desenhadas em seus uniformes.
Sumé também ensinou os Pajés a usarem mais as forças da
vontade e da mente, os maracás e os tambores, em suas lides espirituais,
advindo daí a Pajelança dos índios brasileiros.
Observação 3: Conforme revelado por Alziro Zarur – o
Fundador da Legião da Boa Vontade, Sumé – o Cristo Indígena, na Umbanda, recebe
o nome de Caboclo Flecha Dourada.
Observação 4: Conforme outras revelações, Sumé teria sido o
sumeriano Hércules, que, com toda a sua tribo, teria vindo da região da Suméria
para Pindorama (hoje Brasil) há 4.000 anos atrás, entrando pela hoje conhecida
região do Amazonas e vindo para São Paulo, se fixando em nosso litoral, interagindo
com os selvículas , e passando à eles a sua cultura, que era muito mais
adiantada.
Livros sobre Xamanismo: Carlos Castaneda (1925-1998), A Erva
do Diabo; Alix de Montal, O Xamanismo, Martins Fontes; Jamie Sams, As Cartas do
Caminho Sagrado, Editora Rocco; Noah Gordon, Xamã, Editora Rocco; Michael
Harner, O Caminho do Xamã, Editora Cultrix.
(fonte:oxalaca.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário