quarta-feira, 16 de maio de 2012

ZÉ PELINTRA

Na medida em que o Catimbó entra na área urbana, território típico da Umbanda, ou mesmo a Umbanda vai para o interior estas duas práticas tem que se encontrar. É neste momento que certamente Zé Pelintra entra para o Catimbó.Isto certamente ocorre nos centros onde pessoas de Umbanda também trabalham com mestres e provavelmente já eram de Umbanda e absorvem o Catimbó em um movimento muito típico da Umbanda que absorve várias Religiões e Culturas.

No Catimbó ele é Mestre, e por ser uma entidade diferente das que são cultuadas na Umbanda, ele não trabalha numa linha específica, porém, sua participação mais ativa seria na gira de baianos e, em alguns casos, na linha da esquerda, como exú. Sua principal marca é ser um espírito “boêmio”, “malandro” e brincalhão e, mesmo assim, trabalha com muita responsabilidade. Seu Zé cobra muito de seus médiuns, cobra por seriedade, entrega, disciplina, dentre outras virtudes.

Na direita ele vem na linha de baianos, fuma cigarro, bebe batida de coco ou simplesmente cachaça. É representado por uma tradicional vestimenta (calça branca, sapato branco, terno branco, gravata vermelha e chapéu branco com uma fita vermelha).

CARACTERÍSTICAS MARCANTES

A primeira é ser muito brincalhão, gostar muito de dançar, de mulheres e de bebida. Mas é muito comum, também, encontrá-lo mais sério, parado em um canto, assim como sua imagem gosta de representá-lo olhando para o movimento ao seu redor. Contudo, quando ele vira para a esquerda, ele pode vir trajado de um terno preto, calças e sapatos também pretos, gravata vermelha e uma cartola,fumando charutos, bebendo conhaque e uísque, até – em alguns casos – usa uma capa preta. Mas seja do lado que for, você sempre verá um Zé Pilintra com seu pito (cigarros ou cigarrilhas), um uma bebidinha nas mãos, sempre muito brincalhão e extrovertido.

REPRESENTAÇÃO E ORIGENS

Personagem bastante conhecido seja por freqüentadores das religiões onde atua como entidade, por sua notável malandragem, Seu Zé tem sua imagem reconhecida como um ícone, um representante, o verdadeiro estereótipo do malandro, ou porque não dizer, da malandragem brasileira e mais especificamente, carioca. Trata-se de uma corrente que, de uma forma ou de outra, permeia o imaginário popular da cultura brasileira e, portanto, carrega suas egrégoras tanto como outras.

Um do seu maior destaque está justamente no fato do Seu Zé ter uma tremenda elegância e competência, mesmo sendo negro (levando em consideração que, para a época em que os negros e brancos viviam praticamente isolados, apesar da existência de uma numerosa população mestiça nas grandes cidades brasileiras, e que desse abismo social implicava também uma grande divisão financeira de classe social). É como se a figura do Seu Zé torna-se representativa da própria dignidade do negro, deixando para trás a idéia de um negro “arrasta-pé”, maltrapilho ou simples trabalhador braçal.

Em sua origem, Seu Zé torna-se famoso primeiramente no Nordeste… Primeiro como freqüentador dos catimbós e, depois como entidade dessa religião. Vale destacar aqui que o Catimbó está inserido no quadro das religiões populares do Norte e Nordeste e traz consigo a relação com a pajelança indígena e os candomblés de caboclo muito difundidos na Bahia.

Conta-se que ainda jovem era um caboclo violento que brigava por qualquer coisa mesmo sem ter razão. Sua fama de “erveiro” vem também do Nordeste. Seria capaz de receitar chás medicinais para a cura de qualquer mal, benzer e quebrar feitiços dos seus consulentes. De acordo com Ligiéro (2004), Seu Zé migra para o Rio de janeiro onde se torna nas primeiras três décadas do século XX um famoso malandro na zona boêmia carioca, a região da Lapa, Estácio, Gamboa e zona portuária. Segundo relatos históricos Seu Zé era grande jogador, amante das prostitutas e inveterado boêmio.
fonte:Relicário de Umbanda

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