quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Entendendo a Dinâmica dos Orixás


Sabendo-se que os Orixás estão em um plano muito superior ao nosso, os regentes da
coroa do médium, regem, se manifestam e influenciam depois de atravessar vários
planos e sub-planos do nosso sistema.
A característica principal ou original, dos Orixás se “perde”, se transforma e se traduz,
através do astral no “caminho”, sendo “filtrado” por cada plano ou sub-plano e
logicamente pela natureza vibratória que vai passando, adquirindo com ela um resíduo de cada
momento astral, ditado pela faixa vibratória transitada. Isso tudo também explica as diferentes
interpretações que encontramos entre os umbandistas, sobre o que vem a ser Orixá.
Como nós vivemos num plano bem inferior, onde precisamos evoluir muito, se faz necessário
que o Orixá se desdobre em vibrações de característica naturista, ou seja, de origem fluídica da natureza, para se manifestar em seres encarnados ou de densidade equivalente.     
                                   QUADRO ORIXAS










Pensemos a princípio nos Sete Orixás Básicos que se manifestam em nível de terreiro, ou
seja, de incorporação: Oxoce, Ogum, Xangô, Omulu, Oxum, Iemanjá e Iansã.2
A manifestação, em nível de terreiro, de cada um se dá através de espíritos enviados de
cada uma destas forças. Importante ressaltar que na Umbanda não incorporamos o Orixá, mas sim
os seus enviados ou representantes, que são espíritos que já encarnaram e que têm cada um o seu
próprio karma, história, característica missionária, evolutiva, de personalidade, etc.
Temos a tendência a acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado,
entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse “muito mais do que isso” que não
conseguimos explicar em palavras; mas, grosseiramente falando, é o amor de Deus espalhado e ao
mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao
chegarem aqui traduzidos pelos diversos planos e sub-planos pelos quais passaram, nos auxiliar no
nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na
natureza, mas não é apenas a natureza. Enfim... É mais uma benção de Deus.
Quando pensamos na composição de uma árvore, por exemplo, e nos infiltramos nela, entramos no
seu universo e podemos observar neste universo “árvore” que todos os 7 Orixás estão se
manifestando, conjugadamente ou em paralelo, mas sempre harmoniosamente.
O umbandista deve buscar o equilíbrio de todas estas forças através da prática da caridade,
do amor e respeito à natureza e às coisas de Deus. A Umbanda se propõe, através do culto aos
Orixás, trazer o equilíbrio destas forças para as nossas vidas. E não existe melhor forma de se cultuar
os Orixás do que nos harmonizarmos com estas forças, que se manifestam em nossos terreiros
através de seus enviados de luz, que sempre nos trazem palavras de consolo, amparo, força,
esclarecimento, caridade e amor, e assim fazer ultrapassar as paredes físicas do terreiro de
Umbanda a sua mensagem.
A Caridade é o objetivo principal do médium Umbandista.
A Umbanda não se propõe a ser solução milagrosa para todos os problemas de ordem
material criados por nós, mas propõe que, através da harmonização com as forças da natureza,
encontremos amparo e alívio para os nossos problemas.
Para que possamos entender o Orixá em sua absoluta essência, é necessária uma enorme
capacidade de abstração. O que diversos autores têm tentado, valentemente, explicar é algo
absolutamente intangível ao nosso nível de consciência.
Orixá não é divindade, pois na Umbanda cremos num único Deus. A Umbanda não é
politeísta, portanto o que passarei a descrever não é uma teogonia. Orixá é potência de luz
emanada de Deus, O Criador. E na Umbanda o entendimento de Orixá não está baseado em
lendas do panteão africano, mas sim no estudo da dinâmica das forças da natureza.
Conseqüentemente, o nosso conceito de arquétipo será diferente de quem se baseia em lendas.
Ordinariamente, entender a manifestação do Orixá através das forças da natureza, é o
máximo que conseguimos, pois a palavra Orixá quer dizer coroa iluminada. É o princípio mais
evoluído em nosso sistema manifestado através das forças da natureza. É como querer entender e
explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós.
Entretanto, podemos tentar entender juntos o caminho inverso, ou seja, da terra para o Alto,
até porque para entendermos o que ocorre acima disso, precisaríamos entrar em esferas
elevadíssimas que fogem ao nosso entendimento, pois ninguém tem alcance para isso. Tudo que
falam são conjecturas valorosas e algumas até louváveis tentativas, mas nada absoluto. A verdade
de cada um deve ser respeitada, assim como a compreensão. Avançar a esferas superiores nos será
naturalmente permitido quando tivermos evolução para tal.
Na realidade o que a Umbanda fez, enquanto culto, foi “organizar” as manifestações divinas,
em uma linguagem que pudéssemos compreender. Todas as “complicações” provenientes do
aprendizado na Umbanda são por nossa exclusiva culpa e ignorância, basta que conversemos com
qualquer Preto Velho, para termos a certeza disto.
Cada Orixá tem função específica e até as que são antagônicas se harmonizam frente as
nossas necessidades, por Graça do Criador.
Todas as energias emanadas pelos Orixás estando em equilíbrio nos tornam pessoas
melhores e facilitam a nossa passagem na Terra, por isso falei em benção de Deus, e também em
manifestações básicas e harmônicas dos Orixás apesar de algumas manifestações serem
antagônicas, mas no fundo complementares. Tudo isso justifica e explica enfim o porquê é
fundamental o culto equilibrado aos sete Orixás básicos, explica o porque de não nos dedicarmos a
cultuar um ou dois Orixás específicos apenas.
Os Sete Orixás básicos ao se combinarem formam outros Orixás os quais chamamos de
desdobramentos do Orixá ou Orixás que foram combinados, mas mesmo assim ainda não são estes
que se manifestam em nível de terreiro, mas sim os seus enviados.
O único Orixá na Umbanda que não tem desdobramentos é a Orixá Iansã, pois as suas combinações
são tão rápidas que não criam reinos, mas apenas manifestações rápidas desta conjugação, não
chegando a formar ou fixar-se durante muito tempo a ponto de formar um novo Orixá que seja
desdobramento Dela. Outro motivo para isto é o próprio elemento por Ela representado: o Ar. O Ar
não se desdobra, não se fixa, mas mistura-se aos demais elementos, entretanto sem mudar a sua
essência. O Ar em movimento é o vento que causa mudanças rápidas e essas mudanças são a
própria Orixá. Iansã manifestada na força da natureza... É o próprio movimento, a própria mudança.
Quando os Orixás se combinam, se unem e se conjugam temos os diferentes
desdobramentos que são manifestados, em nível de terra, através do encontro de um reino com
outro, ou manifestações de força da natureza, que em terreiro também recebem nomes diferentes. E
encontraremos na combinação dessas forças harmonia e equilíbrio.

Livro  Umbanda – Mitos e Realidade