(ou Banho de Descarrego)
Desde
épocas remotas é conhecida a forma mágica das plantas e ervas medicinais. Daí
os banhos serem considerados veículos de purificação do corpo e da mente,
incluindo-se no processo de mediunidade dentro dos centros e terreiros de
Umbanda e também de Candomblé.
O banho
de descarga é um descarregamento dos fluídos pesados de uma pessoa.
O banho
de descarga mais usado é feito com ervas positivas, variando de acordo com os
fluídos negativos acumulados que uma pessoa está carregando, e de acordo com os
orixás que a pessoa traz em sua cabeça.
O banho
de descarga com ervas deve ser tomado após o banho rotineiro, de preferência
com sabão da costa, sabão neutro ou sabão de coco. Um banho de descarga não
deve ser jogado brutalmente pelo corpo e sim suavemente, com o pensamento
voltado para as falanges que vibram naquelas ervas ali contidas. Por exemplo:
se tomamos um banho com Espada-de-São-Jorge devemos elevar o pensamento a Ogum
Guerreiro. Se tomamos um banho de rosas brancas, mentalizamos as águas de
Oxalá, imaginamos Oxum e a falange do mar. E assim sucessivamente.
Ao
tomarmos o banho de descarrego podemos também entoar um ponto cantado, chamando
os guias que vibram com aquelas ervas ali maceradas. Ao terminarmos o banho de
descarga, devemos recolher as ervas e "despachá-las" em água corrente
ou na praia. Muitas Entidades pedem ao final do banho, que deve ser acesa uma
vela branca e rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria para que Deus possa abençoar o
corpo e a alma assim purificados. Mas, não são apenas os banhos de ervas os
usados para descarga, há outros, que são fortes descarregos de maus fluídos.
Por exemplo: os banhos de cachoeira, de mar, de água de Mina, de chuva (axé de
Nanã), de rio, etc.
Hoje em
dia há banhos de descarga que são comprados prontos, mas não os recomendados
inteiramente, pois muitos não são preparados com o rigor que deveriam ser. Pois
para preparar um banho, devemos colher as ervas certas, caso contrário, não há
efeito positivo e/ou completo.
Nesse
sentido, é fundamental conhecer a época, dia e hora em que devemos colher as
ervas sagradas, bem como o modo de prepará-las e a sua real utilidade dentro do
processo de iniciação ou liturgia. Nos candomblés quem colhe as ervas é o
Mão-de-Ofã, ou Olofá, que antes de entrar na mata saúda Ossãe (orixá das ervas
e folhas) e oferece-lhe um cachimbo de barro, mel, aguardente e moedas. Esse
sacerdote que se dedica às folhas, nos cultos de Nação, é o babalossaim, e ele
usa seus dotes a cura, para a preparação de amacis e feitura de Santo no
candomblé. Na Umbanda, os Pais e Mães de Santo tem o conhecimento do uso das
ervas e no preparo delas. Mas, para nossos banhos de descarga, nós mesmos
podemos comprar e/ou colher as folhas (desde que você as conheça), e prepará-las
em água fervendo.
NÃO SE
DEVE COZINHAR AS ERVAS, e sim, colocá-las em águas fervendo, como uma infusão. Não se
deve também deixar que outras pessoas coloquem a mão no seu banho, ou seja, que
preparem o banho para você (salvo a situação em que uma Entidade Espiritual ou
seu Pai ou Mãe de Santo autorize que outra pessoa faça o banho no seu lugar).
PEQUENO
HISTÓRICO SOBRE O USO DOS BANHOS
O banho
é a renovação do corpo e da alma, pois quando o corpo se sente bem e se acha
refeito do cansaço, a alma fica também apta a vibrar harmoniosamente. Os
antigos hebreus já usavam as abluções, que não deixavam de ser banhos sagrados.
Moisés, o grande legislador hebreu, impôs o uso do banho em seus seguidores. O
batismo nas águas ministrado por São João Batista, no Rio Jordão, era um banho
sagrado, pois o batismo nas águas senão o banho mais natural (e porque não o
primeiro banho purificador do ser humano nos dias de hoje, afinal, se batizam
crianças ainda pequenos) que conhecemos, purificador do espírito, mente e do
corpo.
Os
banhos sempre foram um potente integrante do sentimento religioso, haja visto
os povos da Índia milenar serem levados a banhar-se nas águas do rio sagrado, o
Ganges, cumprindo assim parte de um ritual que, para eles, é indispensavel e
sagrado.
Há em
toda a época antiga um Rio Sagrado, no qual os povos iam se banhar para
purificar-se física ou mentalmente. Na África, a água é tida como de grande
poder de força e de magia. Vemos até hoje nos candomblés as Águas de Oxalá.
Águas nos potes e tigelas, além de mirongas com água e axé. E quem nunca viu ou
ouviu falar em lavar com água-de-cheiro as ESCADARIAS DO SENHOR DO BONFIM, em
Salvador na Bahia?
Para
nossos índios, hoje os Caboclos da Umbanda, o banho de Rio era alegria, prazer,
lazer, satisfação e descarga. O rio Paraíba é um rio sagrado para os
Tupinambás. Nele os índios faziam (ou fazem) seus rituais secretos
A UTILIZAÇÃO
DOS BANHOS
Em
qualquer época, nos Centros e Terreiros de Umbanda, os banhos tem sido de
grande importância na fase de iniciação espiritual; por isso, torna-se
necessário um grande conhecimento do uso das ervas, raízes, cascas, frutos e
plantas naturais.
E como
já sabemos, os banhos de ervas devem ser preparados por pessoas especializadas
dentro dos terreiros ou por você mesmo(a). Se forem preparados por outra pessoa
, que ela esteja com o seu corpo físico e seu corpo astral purificados, pelo
menos pelo banho de uma erva, e livres de excitações sexuais; nem por mulheres
na fase de mestruação (corpo liberto).
A
orientação e o uso das ervas são atribuições dos GUIAS ESPIRITUAIS, das
ENTIDADES e dos ORIXÁS, através dos Chefes de Terreiros (Pais e Mães de Santo).
Os
banhos de ervas, são classificados normalmente em três tipos: Banho de
Descarga, Banho de Ritual e o Banho de Iniciados.
Vejamos
aqui cada um deles:
BANHOS DE
DESCARGA
O mais
conhecido, e como o próprio nome diz, o Banho de Descarga (ou descarrego) serve
para descarregar e limpar o corpo astral, eliminando a precipitação de fluídos
negativos (inveja, ódio, olho grande, irritação, nervosismo, etc). Suprime os
males físicos externamente, adquiridos de outrem ou de locais onde estiverem os
médiuns. Este banho pode ser utilizado por qualquer adepto da Umbanda, desde
que seguindo as recomendações das Entidades/Guias Espirituais.
BANHOS DE
RITUAL
É o
banho de incorporantes (médiuns de incorporação). Esses banhos tem a função de
estimular os fluídos da mediunidade, ativando, revitalizando as funções
psíquicas para uma excelente trabalho de ritualização dos Guias Espirituais e é
também recomendado para ativar e afinizar as forças dos Orixás, Protetores de
Cabeça e do Anjo da Guarda.
BANHOS DE
INICIADOS
Este
tipo de banho deve ser utilizado nos centros e terreiros de Umbanda por seus
aparelhos, médiuns, iniciantes ou não dentro da Lei da Umbanda. Ele propicia o
equilíbrio entre a aura do corpo mental e a aura do corpo astral. Equilibra, de
maneira satisfatória, a incorporação das Entidades em seus aparelhos mediúnicos
(filhos-de-santo).
É um
banho para ser usado com muito critério e cautela, pois para cada tipo de
Entidade Espiritual é destinada uma planta ou várias plantas, num conjunto
ritualistico.
Um
exemplo de banho de iniciados é o BANHO DE AMACI, aqui especialmente tratado
BANHO de
AMACI
É o
banho mais conhecido pelas pessoas que começam a frequentar os Centros de
Umbanda e que somente deve ser preparado por uma Entidade Espiritual ou pelo
Guia Chefe do Terreiro, Pai/Mãe-de-Santo, Zelador(a) do Terreiro, Babalaô ou
Chefe de Culto. É o banho que pode ser preparado da cabeça aos pés, ou
simplesmente da cabeça, porque é preparado de acordo com o Santo, Orixá
protetor do filho, iniciante na Umbanda. O banho de amaci é próprio para a
cabeça onde reside o nosso Santo Protetor, nosso Guia Espiritual. Só podem
tomar o banho de amaci aqueles que forem frequentar e desenvolver-se na gira de
Umbanda, no Centro ou Terreiro. O próprio adepto não deve nunca prepará-lo e
nem tomá-lo em casa; existe todo um ritual para que seja feito o amaci da
Umbanda, isto é, ervas selecionadas de acordo com o Santo do Iniciante, bem
como dia e hora apropriados, e demais requesitos que o banho exige.
OBSERVAÇÕES
SOBRE OS BANHOS DE ERVAS
Todos os
banhos de descarga devem ser tomados do pescoço pra baixo; só se deve jogar o
banho na cabeça quando for indicado pelo Orixá Chefe do Terreiro, ou autorizado
pelo Babalaô ou Mãe de Santo.
As
folhas que caem dos banhos de ervas devem ser recolhidas e despachadas
(jogadas) nos locais apropriados; em geral, vasos grandes de plantas, jardins,
num rio ou mata, mas nunca nas ruas.
Há
banhos para todos os Orixás e Entidades e sempre que tiver dúvida consulte-os
ou consulte um Pai ou Mãe de Santo sobre o banho a ser tomado.
"CASA DE OXALÁ"
Orientador
Espiritual: Neiwriw de Oxalá
Murilo
Masson