terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O MÉDIUM DE UMBANDA



O médium de Umbanda, ainda que muitos não o valorizem, é o ponto chave do ritual de Umbanda no plano material.
E por sê-lo, deve merecer dos filhos de Fé já maduros (iniciados) toda atenção, carinho e respeito quando adentram no espaço interno das tendas, pois é mais um filho da Umbanda que é “dado” à luz. E tal como quando a generosa mãe dá à luz mais um filho, onde tanto o pai quanto os irmãos se acercam do recém-nascido e o cobrem de bênçãos, amor, carinho e… compreensão para com seus choros, o novo filho de
Fé ainda é uma criança que veio à luz e precisa de amparo e todos os cuidados devido à sua ainda frágil constituição íntima e emocional.
Do lado espiritual, todo o apoio lhe é dado, pois nós, os espíritos guias deles, sabemos que este é o período em que mais frágil se sente um ser que traz a mediunidade.
Para um médium iniciante, este é um momento único em sua vida, e também um período de transição, onde todos os seus valores religiosos anteriores de nada lhe valem, pois outros valores lhe estão sendo apresentados.
Para todos os seres humanos este é um período extremamente delicado em suas vidas. E não são poucos os médiuns que se decepcionam com a falta de compreensão para com sua fragilidade diante do novo e do ainda desconhecido.
É tão comum uma pessoa dotada de forte mediunidade e de grandes medos, ser vista como “fraca” de cabeça pelos já “tarimbados” médiuns. Mas estes não param para pensar um pouco no que realmente incomoda o novo irmão e, com isto, o Ritual de Umbanda Sagrada vê mais um dos seus recém-nascidos filhos perecer na maior angustia, e socorre-se a outros rituais que primam pela ignorância do mundo espiritual e sufocam nos seus fieis, seus mais elementares dons naturais.
Muitos apregoam que tantos e tantos brasileiros são umbandista, e que isto demonstra o vigor da religião umbandista. Mas, infelizmente, isto não é verdade, e só serve para diminuir o que poderia ser uma grande verdade.
Vários milhões de brasileiros já assumiram suas mediunidades por completo e são médiuns praticantes, que incorporam regularmente seus guias dentro das tendas onde trabalham, ou nas suas reuniões mais intimas em suas próprias casas.
Mas alguns milhões de filhos de Fé com um potencial mediúnico magnífico já foram perdidos para outros rituais, porque os diretores das tendas não deram a devida atenção ao “fator médium” do ritual de Umbanda, assim como não atentaram para o fato de que aqueles que lhes são apresentados pelos guias zeladores dos novos médiuns, se lhes são enviados, o são pelo próprio espírito universal e universalista que anima a Umbanda Sagrada, e que é o seu espírito religioso, que no lado espiritual tem meios sutis de atuar sobre um filho de Fé, mas no lado material depende fundamentalmente dos pais e mães no Santo, animadores materiais desse corpo invisível, mas ativo e totalmente religioso.
É tão comum vermos médiuns já “iniciados” que não tem a menor noção da existência desse corpo religioso umbandista que se move através do plasma universal que é Deus, é fé e é religiosidade. “Eu sou filho de tal orixá…”, e pronto! Sua fé acaba a partir daí, e sua ligação com este plasma divinizado numa religião fica restrito a isto: “Eu sou filho de tal orixá”.
Incorpora seus guias, estes trabalham, e maravilhosamente, pois estão em comunhão total com este espírito ativo que é o corpo religioso umbandista, corpo este que assume a forma de orixás ou de seus pontos de forças, mas que não deixam de irradiar essa energia divina chamada “Fé”.
O ritual é aberto a todas as manifestações, mas o lado material ( médiuns) tem de ser esclarecido de que as manifestações só acontecem por causa desse espírito religioso invisível conhecido por Ritual de Umbanda Sagrada, e que fora dele não há manifestações, mas tão somente possessões espirituais.
É este espírito invisível que sustenta todas as manifestações, quando em nome da Umbanda Sagrada são realizados.
Houve um tempo em que os orixás foram sincretizados com santos católicos, pois aí a concretização do ritual aconteceria. As imagens “mascaravam” a verdade oculta e as perseguições religiosas, políticas e policiais foram abrandadas.
Mas, atualmente, isto já não é preciso como meio de expansão da Umbanda Sagrada. Hoje já existe liberdade suficiente para que todos digam abertamente: “Sou um filho de Fé, sou um filho de Umbanda!”.
Mas para que isso possa ser realmente dito, é chegado o tempo de a Umbanda deixar de perder seus filhos recém-nascidos para religiões que ainda recorrem a princípios medievais, quando não obscurantistas.
Há de ser criada uma forte linha de fé doutrinadora dos sentimentos religiosos dos filhos de Fé, pois só assim a Umbanda Sagrada sairá do interior das tendas e dos lares e abarcará, num movimento abrangente e envolvedor, os milhões de irmãos que afluem às tendas ou aos médiuns à procura de uma palavra de consolo, conforto ou
esclarecimento.
É chegado o momento de todos os médiuns, diretores espirituais, dirigentes espirituais e pais e mães no Santo, imprimirem aos seus trabalhos mais uma vertente da Umbanda Sagrada: a doutrinação dos irmãos e irmãs que afluem às tendas nos dias de trabalho.
É preciso uma conscientização dos pais e mães no Santo de que os necessitados, os aflitos, os carentes afluirão não só às tendas de Umbanda, mas também a todas as outras portas abertas onde há uma promessa, um vislumbre de socorro imediato. Mas só aquelas portas que, a par do socorro imediato, oferecerem uma luz para toda a vida,
alcançarão seu real objetivo, pois a par do imediato também oferecem o bem duradouro, que é a fé forte numa religião. E a Umbanda Sagrada é uma religião!
Por isso ela tem de sair das tendas e conquistar corações dos que a ela afluem nos dias de trabalho, e conquistar o respeito e a confiança de todos os cidadãos no seu trabalho de doutrinação e salvação de almas.
Nós temos acompanhado com carinho e atenção os irmãos umbandistas que têm oferecido a maior parte de suas vidas a esta necessidade da religião umbandista – abençoados sãos estes verdadeiros filhos de Umbanda, mas temos acompanhado a vida de todos os pais e mães no Santo e temos visto que bloqueiam a si próprios e às suas potencialidades doutrinadoras dentro da Umbanda Sagrada, quando limitam a si e sua religião aos trabalhos dentro de suas tendas, quando os seus guias incorporam e … trabalham.
Limitam-se só a isto e limitam à própria religião umbandista, pois não concedem a si próprios as qualidades que seus orixás lhes mostram que são possuidores. Muitos filhos de Fé, movidos de nobres e dignificantes intenções, buscam nas línguas a explicação do termo “Umbanda”. Alguns chegam a mergulhar no passado ancestral em
busca do real significado desta palavra.
Nada a opor de nossa parte, mas melhor fariam e mais louvável aos olhos dos orixás seriam seus esforços, caso já tivessem atinado com o real e verdadeiro sentido do termo “Umbanda”.
Umbanda significa: o sacerdócio em si mesmo, na m’banda, no médium que sabe lidar tanto com os espíritos quanto com a natureza humana.
Umbanda é o portador das qualidades, atributos e atribuições que lhe são conferidas pelos Senhores da natureza; os orixás! Umbanda é o veiculo de comunicação entre os espíritos e os encarnados, e só um Umbanda está apto a incorporar tanto os do Alto, quanto os do Embaixo, assim como os do Meio, pois ele é, em si mesmo, um templo.
· Umbanda é sinônimo de poder ativo.
· Umbanda é sinônimo de curador.
· Umbanda é sinônimo de conselheiro.
· Umbanda é sinônimo de intermediador.
· Umbanda é sinônimo de filho de Fé.
· Umbanda é sinônimo de sacerdote.
· Umbanda é a religiosidade do religioso.
Umbanda é o veiculo, pois trazem em si os dons naturais, pelos quais os encantados da natureza falam aos espíritos humanos encarnados.
Umbanda é o sacerdote atuante, que traz em si todos os recursos dos templos de tijolo, pedras ou concreto armado.
Umbanda é o mais belo dos templos, onde Deus mais aprecia ser manifestado, ou mesmo onde mais aprecia estar: no intimo do ser humano.
Umbandas foram os primeiros espíritos dos sacerdotes, que aos poucos foram criando para si, no intimo dos médiuns filhos de Santo já preparados para recebe-los, uma linha tão poderosa, mas tão poderosa que realizavam curas milagrosas nos freqüentadores dos terreiros de “macumba”.
Umbandas eram os caboclos índios que dominavam os quiumbas e libertavam os espíritos encarnados de obsessores vingativos e perseguidores.
Umbandas eram os pretos-velhos que baixavam nas “mesas brancas” e faziam revelações que não só deixavam admirados quem os ouviam, mas encantavam também.
Umbandas eram os exus e pombas-giras brincalhões, debochados e francos, tanto quanto os encarnados, pois falavam a estes de igual para igual, e com isso iam rompendo o temor dos filhos de Santo para com seus “santos”.
Umbanda era o inicio do rompimento da casca grossa da rituália de culto aos eguns (os sacerdotes) já no outro lado da vida.
Umbanda o sacerdócio; embanda, o chefe do culto; Umbanda, o ritual aberto do culto dos ancestrais.
Umbanda, onde na banda do “Um”, mais um todos nós somos, pois tudo o que nos cerca, através de nós pode se manifestar.
Umbanda, na banda do “Um” , um todos são e sempre serão, desde que limpem seus templos íntimos dos tabus a respeitos dos orixás e os absorvam através da luz divina que irradiam seus mistérios. Daí em diante, serão todos “mais um”, plenos portadores dos mistérios dos orixás.
Na Umbanda, o médium não é esvaziado, mas tão somente enriquecido com a riqueza espiritual de todos os orixás.
Umbanda provém de “m’banda”, o sacerdote, o curador.
Umbanda é sacerdócio na mais completa acepção da palavra, pois coloca o médium na posição de “doador” das qualidades de seus orixás, que impossibilitados de falarem diretamente ao povo, falam a partir de seus templos humanos: os filhos de Fé!
Despertem para esta verdade, pais e mês de Santo! Olhem para todos os que chegam até vocês, não como seres perturbados, mas sim como irmãos em Oxalá que desejam dar “passagem” às forças da natureza que lhes chegam, mas encontram seus templos (mediunidade) ocupados por escolhos inculcados neles, através de séculos e séculos que estiveram afastados de seus ancestrais orixás. Não inculquem mais escolhos
dizendo a eles que tem orixá brigando pela cabeça deles, ou que exu está cobrando alguma coisa.
Tratem os filhos que Olorum, o Incriado, lhes envia com o mesmo amor, carinho e cuidados que devotam a seus filhos encarnados.
Cuidem deles; transmitam a eles amor aos orixás, pois orixá é o amor do Criador às Suas criaturas.
Ensinem-lhes que, na lei de Oxalá, ninguém é superior a ninguém, pois na banda do “Um”, mais um todos são.
Mostrem-lhes que orixá é um santo, mas é mais do que isso: orixá é a natureza divina se manifestando de forma humana, para os espíritos humanos.
Não percam tempo tentando contar lendas do tempo de cativeiro, quando irmãos de cultos diferentes, raças diferentes e formações as mais diversas possíveis, eram reunidos numa só senzala e evitavam a mistura dos orixás com medo de perderem seus últimos vestígios humanos: seus “santos”de cabeça e de fé. O tempo da escravidão já é passado e Umbanda é liberdade de manifestação dos orixás através dos seus veículos naturais; os médiuns.
Ensinem-lhes que, se estão aptos a incorporarem o “seu” pai de cabeça, também estão aptos a serem as moradas de todos os outros “pais”, pois orixá é antes de qualquer coisa e acima de tudo, isto: senhora da cabeça. é senhor da coroa luminosa que paira em torno do mental purificado do filho de Fé já liberto dos escolhos que o mantinham acorrentado e escravizado a tabus e dogmas religiosos, que antes de tudo visavam impedi-lo de ser mais um na banda do “Um”, e mantê-lo na eterna dependência da vontade dos carnais senhores dos cultos ao Criador, onde um é o pastor e os restantes, só rebanho, ovelhas mesmo!
Digam que na banda do “Um”, o rebanho é composto só de pastores, pois “Umbanda” é sacerdócio.
Esclareçam ao filho recém-chegado que se sente incomodado, que isto não é nada ruim, pois há todo um santuário aprisionado em seu intimo que está tentando explodir através de sua mediunidade magnífica.
Conversem demoradamente com ele e procurem mostrar-lhe que Umbanda não é a panacéia para todos os males do corpo e da matéria, mas sim o aflorar da espiritualização sufocada por milênios e milênios de ignorância e descaso para com as coisas do espírito.
Expliquem que pode fazer o que quiser com seu corpo material, mas deve preservar sua coroa (cabeça), pois é nela que a luz dos orixás lhe chega e o liberta dos vícios da carne e do materialismo brutal.
Ensinem-lhe que, como templos, deve manter limpo seu íntimo, pois nesse íntimo há uma centelha divina animada pelo fogo divino que a tudo purifica, e que o purificará sempre que entregar sua coroa ao seu orixá. Instrua-os com seu mentor guia chefe, irmãos e irmãs (pais e mães de Santo).
Estabeleçam um dia da semana ou do mês dedicado exclusivamente a um guia doutrinador que lhe falará da Umbanda a partir da visão mais acurada desta religião, em que os fiéis são mais que fiéis: são “meios” onde toda uma gama magnífica de seres de altíssima evolução se manifestam como humildes pretos-velhos, garbosos mas amáveis caboclos, inocentes crianças ou humanos exus e pombas-giras.
Sim porque nós conhecemos irmãos exus que possuem muito mais luz do que vocês imaginam. E se preferem atuar como exus, é porque assim, bem humanos, chegam mais rápido até onde desejam: aos consulentes sofredores e veículos de espíritos sofredores afins.
Ensinem aos médiuns que eles trazem consigo mesmo todo um templo já santificado e que nele se assentam os orixás sagrados. E que através desse templo muitas vozes podem falar, e serem ouvidas pois Umbanda provem de Embanda: sacerdote!
E o médium é um sacerdote, um embanda, um Umbanda, ou mais um na banda do um, a Umbanda!
(Texto extraído do livro “O código de Umbanda” – obra inspirada pelos mestres da Luz: Senhor Ogum Beira-Mar, Pai Benedito de Aruanda. Li-Mahi-An-Seri-yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicog. por Rubens Saraceni).

Doutrina e Cultura Umbandista


Toda a pessoa que escuta es­ta frase: “Você tem que vestir bran­co, e precisa de­sen­volver a sua mediuni­dade”. Pronto! Aí vem o medo e ao mesmo tempo a ansiedade, imagi­nando-se vestido de branco e já incorporando “seus guias”, ele julga que após poucas semanas já estará apto a “trabalhar” dando “consulta”… Será que é só colocar o médium “novo” no meio da gira e girar? Ou será que ele precisa primeiro de atenção, carinho, ajuda e esclareci­mento neste mo­mento único e delicado de transição dos seus valores reli­gio­sos, e principalmente de doutrina, acres­cido de tempo e humildade de ambos os lados, seja do dirigente para com o filho pequeno (que nasce para a espiritua­lidade) e precisa ser cuidado com amor. Ou por parte do filho que precisa de conhecimento e isto só é con­seguido através do estudo, movido pela paciên­cia, humildade e fé, pois só assim con­seguirá de fato ser um filho de fé da Umbanda Sagrada. Como as giras de desenvolvimento fazem parte deste processo mediúnico comentarei sobre os recursos rituais: atabaques, cantos, defumações, dan­ças, roupa branca, etc…

Defumações: descarregam o cam­po mediúnico e sutilizam suas vibra­ções, tornando-o receptivo às energias de ordem positiva. Ela é essencial para qualquer tra­ba­lho num terreiro, pois certas cargas se juntam (agregam) ao nosso corpo astral durante nossa vivência cotidiana, ou seja, pensamentos e ambientes de vi­bração pesada, rancores, preocupa­ções, pen­samentos negativos, etc, tu­do isso produz (ou atrai) certas formas-pensamento que se aderem ao nosso campo eletromag­nético, bloqueando trans­missões energéticas. Pois bem, a defumação tem o poder de desagregar estas cargas, através dos elementos ar, fogo e vegetal que a compõe, pois interpenetra o campo as­tral, mental e a aura, tornando-os no­va­mente “libertos” de tal peso para pro­duzirem seu funcionamento normal.

Palmas: Se cadenciadas e ritma­das, criam um amplo campo sonoro cujas vibrações agudas alcançam o centro da percepção localizada no mental dos médiuns. Com isso, os predispõem a vi­brarem orde­nadamente, facilitando o tra­balho de reajus­tamento de seus pa­drões magnéticos.

Cantos: a Umbanda recorre aos can­­tos ritmados que atuam sobre al­guns ple­xos, que reagem aumen­tando a velo­cidade de seus giros. Com isso, cap­tam muito mais energias etéricas, que sutilizam rapidamente todo o campo mediúnico, facilitando a incorporação. Os pontos can­tados são uma das primeiras coisas que afloram a quem vai a um ter­reiro de Um­ban­da pela pri­mei­ra vez. Os pontos canta­dos são, den­tro dos ri­­tuais, um dos aspec­tos mais im­por­tantes para se efetuar uma boa gira. São louvações e orações canta­das, para chegada dos Orixás e guias, tam­bém para descarga e limpeza fluí­dica, bem como para a subida dos Orixás e guias. Um verdadeiro ponto cantado nos atin­ge lá den­tro do coração e da emo­ção, nos trazendo paz, fé, pela pureza e firmeza desses pontos maravilhosos.

Atabaque: As vibrações sonoras têm o poder de adormecer o emocional, estimulando a sensibilidade, modifi­can­do as irradiações energéticas, atuando sobre o padrão vibratório do médium, após esta mudança o mentor aproveita esta facilidade e adentra no campo ele­tromagnético, igualando-se ao padrão e fixando-o no mental de seu médium, direcionadamente. Em pouco tempo o médium, entra em sintonia magnética para a incor­poração.
Existem vários tipos de toques:
• suaves e cadenciados (renovação afetiva e amorosa);
• vibrantes (descarrega);
• sons alegres (predispostos ao bom humor) .

Danças: A Umbanda recorrem às “danças ri­tuais” pois, durante seu transcorrer, os médiuns se desligam de tudo e se concentram intensamente numa ação onde o movimento cadenciado facilita seu en­volvimento mediúnico. Nas “giras” (danças rituais), as vibrações médium-mentor se ligam de tal forma, que o espírito do médium fica adormecido, já que é paralisado momentanea­mente. No princípio, o médium sente ton­turas ou enjôos, mas estas reações cessam se a entrega for total e não houver tentativa de comandar os movi­mentos, já que seu mentor quem o comandará. Nada é por acaso. Se o ritual de Umbanda optou pelo uso de atabaques, cantos e danças ritual, há todo um comando pelos senhores do alto dando amparo e sustentação.

Roupa Branca: O branco é a cor de Oxalá, que é o regente da Fé, da religiosidade dos seres da pureza, da humildade, da benevolência, da paciência da fraternidade da união e da caridade… O simbolismo da veste branca é bem visível, além de permitir uma uniformidade na apresentação do corpo mediúnico. Mas, se alguém se veste de branco e assume o grau de médium, dele também se exige que purifique seu íntimo, reformule seus conceitos a respeito da religiosidade e porte-se de acordo com o que dele esperam os Orixás Sagrados, pois estes que o ampararão daí em diante. O fato é que a Umbanda como uma religião possui seus próprios rituais ,suas próprias característica, e suas práticas.

Desenvolver a mediunidade não significa dar algo a quem não está habilitado para recebê-lo, mas sim, em habilitar alguém a assumir conscientemente o dom com o qual foi ungido.

Saravá Umbanda!

(MÔNICA BEREZUTCHI)

Os Guias Espirituais e a missão da Umbanda


Por Rubens Saraceni
Nós sabemos que o ato de incorporar espíritos acontece desde os primórdios da humanidade sendo que tanto acontecem incorporações controladas quanto totalmente fora de controle.
As incorporações controladas acontecem dentro de trabalhos mágico-religiosos, também tão antigos quanto a humanidade, não sendo privilégio da Umbanda reproduzir regularmente este fenômeno mediúnico, porque povos muito antigos e que desconhecem a existência da Umbanda já praticam há milênios a incorporação controlada de espíritos ainda que elas se mostrem menos elaboradas que na Umbanda, pois esta ritualizou e diferenciou a incorporação.
Já as incorporações descontroladas vêm acontecendo desde os primórdios da humanidade e não está limitada a um ou outro povo porque acontece em todos os lugares sendo que nem sempre foi aceita como tal e sim se atribuiu a este fenômeno a denominação de loucura, segregando estas pessoas de suas famílias e da sociedade porque, quando possuídas tornam-se incontroláveis.
A incorporação ou possessão descontrolada de espíritos foi explicada no decorrer dos
tempos por todas as religiões e cada uma a descreveu segundo o seu entendimento sobre o assunto, com cada uma desenvolvendo um formulário mágico-ritualístico para lidar com este fenômeno.
Ainda hoje, em pleno século XXI, vemos algumas religiões lidando com este fenômeno
de um modo arcaico e já ultrapassado, pois desde o advento de Allan Kardec e do espiritismo essas possessões foram muito bem explicadas e colocadas à disposição de todos, facilitando a compreensão da mediunidade, que não tem nada a ver com a existência de um suposto “diabo” tão poderoso e oposto a Deus que vive atentando as pessoas e possuindo-as para levá-las para o inferno.
Hoje, graças ao trabalho de Allan Kardec compreendemos perfeitamente estas possessões descontroladas e até podemos auxiliar médiuns possuídos por espíritos vingativos a lidarem com esta faculdade mediúnica livrando-os do sofrimento ao qual estavam submetidos.
Então, que fique bem claro para todos que não existe uma só religião para auxiliar pessoas com desequilíbrios acentuados em suas faculdades mediúnicas.
Para uma correta compreensão da possessão descontrolada temos que:
1º Acreditar na imortalidade do espírito.
2º Acreditar que se muitos evoluem no plano material e desenvolvem um elevado estado de consciência que os conduz a planos espirituais luminosos também acontece a regressão consciencial que conduz muitos espíritos a planos espirituais escuros retendo-os para que, no arrependimento corrijam-se.
3º Também sabemos que, assim como muitos espíritos que evoluíram agradecem a Deus e colocam-se como auxiliares dos que reencarnam, muitos dos espíritos que regrediram consciencialmente revoltam-se contra Deus e tornam-se perseguidores dos espíritos encarnados e principalmente daqueles que eles acham que são os responsáveis pelas suas quedas.
4º Esses espíritos “caídos” formam numerosas hordas de afins que sentem prazer em desencaminhar os espíritos retidos nas faixas vibratórias negativas, desenvolvendo neles a revolta contra Deus e a busca de vingança contra seus desafetos ou inimigos ainda encarnados ou não.
Pois bem, como isto já foi muito bem descrito por Allan Kardec, que criou um sistema de lidar com estes espíritos dando origem ao espiritismo então precisamos compreender o contexto onde se insere a Umbanda, que adotou muitos dos conhecimentos trazidos por Allan Kardec, mas adaptou-os em uma forma diferente de utilizá-los.
Se no início do século XX o espiritismo estava em plena expansão desenvolvendo um trabalho muito grande de auxílio às pessoas obsediadas por seus algozes espirituais, no entanto eles se deparavam com a imensa quantidade de pessoas que não estavam sofrendo obsessão, mas sim eram vítimas das mais diversas modalidades de magia negativa praticadas aqui no plano material por pessoas conhecedoras delas e que recorriam a elas para se vingarem dos seus desafetos ou inimigos encarnados.
Com as possessões ou obsessões o espiritismo lutava muito bem, mas, com as magias negativas englobadas no nome “magia negra” não possuíam os recursos mágicos necessários para anulá-las e libertar as pessoas de ações muito bem direcionadas para destruí-las.
Voltando no tempo nós encontramos em todos os continentes varias religiões, muitas
delas já desaparecidas, que tinham a magia positiva ou “branca”, que era recurso para
anularem as ações mágicas negativas e livrarem as pessoas vitimadas por elas dos sofrimentos que elas lhes acarretavam.
Mas muitas destas antigas religiões que tinham na magia positiva o antídoto correto contra a magia negativa haviam desaparecido quase por completo, só restando poucos conhecedores profundos da verdadeira magia delas. Então o plano espiritual se movimentou para criar, nos moldes do espiritismo, uma nova religião que teria na magia um poderoso recurso para auxiliar pessoas vitimadas pelos que recorriam à magia negra para atingi-los.
O pouco que havia restado dessas antigas religiões estava refém de algumas pessoas que não se limitavam só a prática da magia branca e sim, dependendo da recompensa também realizavam magias nefastas ao gosto dos seus contratantes.
Porque eram muitos os que procuravam este tipo de acerto de contas com seus desafetos ou inimigos, muito era o sofrimento das pessoas vitimadas por elas e que, se não podiam pagar para quem sabia desmanchá-las, ficavam sofrendo sem ter a quem recorrer, pois tanto a feitiçaria indígena praticada aqui no Brasil quanto a europeia e a africana, etc., não fazem distinção na sua prática e sim, tanto a realizam para o bem quanto para o mal sendo que seus praticantes atribuem a responsabilidade por elas aos que os contratam, eximindo-se de qualquer culpa.
Diante desse quadro sombrio foi que a espiritualidade superior se organizou para criar uma religião nos moldes do espiritismo, voltada para a prática da magia branca, com uma dinâmica própria para se contrapor à prática da magia negra.
Assim como a prática da magia negra envia para as faixas negativas os seus praticantes, a magia branca envia para as faixas positivas os praticantes dela.
E foi entre os espíritos praticantes da magia branca que essa nova religião ressonou mais intensamente atraindo muitos milhares deles que aceitaram organizar-se para, através da incorporação mediúnica controlada, começarem a ajudar as pessoas vítimas de magias negras.
Espíritos de grande evolução arregimentaram muitos milhares de outros que já seguiam suas orientações e diante dos Sagrados Orixás assumiram o compromisso de, dentro da nova religião, criarem linhas de trabalhos espirituais que ligadas e regidas pelos Orixás formariam a espinha dorsal da nova religião denominada inicialmente de Linha Branca de Umbanda e Demanda.
Esses espíritos de grande evolução arregimentaram muitos milhares de outros espíritos também conhecedores da magia e que, em suas últimas encarnações haviam pertencido a várias religiões e povos diferentes, inclusive praticavam de formas diferentes suas ações e, que quando começaram a incorporar solicitavam dos
seus médiuns elementos de magia diversificados.
Uns trabalhavam com ervas, outros com velas, outros com colares, outros com pontos riscados, outros com fitas, linhas e cordões, outros com bebidas, outros com pós, etc. criando em pouco tempo um vasto formulário mágico umbandista que, se usava os mesmos elementos usados em outras religiões mágico-religiosas, no entanto davam a estes elementos uma utilização diferente e isto causou espanto nos tradicionalistas que, desconhecendo o poder mágico dos guias de Umbanda achavam que a nova religião agia de forma profana com elementos de magia tidos como sagrados para eles.
Na verdade, não são os elementos que contêm poderes em si mesmos e sim eles estão nas mãos dos espíritos guias de Umbanda que os manipulam segundo a necessidade das pessoas que os consultam e eles, livres de qualquer convencionalismo ou ritualismo os manipulam o tempo todo sem se preocuparem com o que deles falem quem duvida dos seus poderes mágicos.
Portanto a nova religião criada com o nome de Umbanda diferencia-se do espiritismo tradicional, ainda que se sirva dos seus conhecimentos, e diferencia-se dos tradicionais cultos afros e ameríndios brasileiros porque ainda que se sirva das suas nomenclaturas ou iconografia, no entanto deu a elas uma nova utilização e entendimento visando facilitar seus trabalhos mágico-religiosos em benefício das pessoas vitimadas por nefastas magias negativas.
Esta simplificação na manipulação dos elementos de magia e de culto e acesso as Divindades é o que diferencia a Umbanda do moderno espiritismo e das antiguíssimas
religiões mágicas e engana-se quem pensa que todos os espíritos são iguais, pois há aqueles que não são capazes de uma única ação mágica e há os que têm um grande poder de realização desenvolvido quando ainda viviam no plano material e que foram aperfeiçoados depois que desencarnaram e que, já livres das limitações do corpo biológico sentiram-se aptos a ampararem muitas pessoas ao mesmo tempo, trabalho este que podem realizar após ingressarem em alguma linha de trabalhos espirituais umbandistas.
Não houve o acaso na criação da Umbanda e ela atendeu a um clamor dos espíritos altamente evoluídos direcionado a Deus para que Ele lhes facultasse uma via religiosa afim com suas formações passadas onde, ainda no plano material, já se dedicavam a amparar e ajudar pessoas vitimadas por magias negativas ou perseguidas por seus inimigos espirituais.
Muitos, ao descreverem a criação da Umbanda limitam-se ao evento acontecido no lado material com o seu fundador pai Zélio Fernandino de Morais e não atinam com a sua real criação já acontecida no plano espiritual.
Portanto que nenhum médium umbandista se surpreenda com a forma dos seus guias trabalharem e não atribua a eles ignorância ou atraso religioso porque as ditas religiões mentalistas ou filosóficas não sabem como combater as ações mágicas negativas desencadeadas em grande parte por seguidores delas que buscam nessa modalidade de magia acertar suas contas pendentes com seus inimigos encarnados e, justamente por não saberem lidar de forma correta com a magia negra e com as hordas de espíritos trevosos que atormentam seus seguidores, preferem atribuir o sofrimento deles a um suposto diabo, oposto a Deus, do que reconhecerem que a prática do mal contra os seus semelhantes é inerente ao ser humano, mas que essas religiões não sabem como combater.
Matéria do Jornal Nacional de Umbanda

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A popularidade de Pombagira


 Com a liberação da mulher, vieram a respon­sabilidade, os direitos e os deveres.  Pombagira popularizou-se com a expansão da Umbanda e dos demais cultos afro-brasileiros nos anos 60 e 70 do século XX e, em meio a multiplicidade de cultos com ela presente em todos, sua força era indiscutível e sue poder foi usufruído por todos os que iam se consultar com ela.  Não demorou a descobrirem que ela atendia a todos os pedidos, inclusive aos de “amarrações para o amor”, para “separação de casais” e outros pedidos bem terrenos dos humanos.
 Como ninguém se preocupou em fundamentá-la en­quanto Mistério da Criação e instrumento repressor da Lei Maior e da Justiça Divina, temidíssima justamente em um dos campos mais controvertidos da natureza dos seres, que é justamente o da sexualidade, eis que não foram pou­cas as pessoas que foram pedir o mal ao próximo e adqui­riram terríveis carmas, todos ligados aos relaciona­men­tos amorosos ou passionais.
Nada como pedir para as “moças da rua” coisas que não seriam muito bem vistas pelo “povo da direita”.
Assim, Pombagira tornou-se a ouvinte e conselheira de muitas pessoas com problemas nos seus relacio­namentos amorosos, procurando atender a maioria das solicitações, fixando em definitivo um arquétipo poderoso e acessível a todas as classes sociais.
Junto à explosão descontrolada das manifestações de Pombagiras, vieram os males congênitos, que acom­panham tudo o que é poderoso: os abusos em nome das entidades espirituais, tais como os pedidos de jóias e per­fumes caríssimos; de vestes ricas e enfeitadas, de oferendas e mais oferendas caríssimas; de assenta­men­tos luxuosos e os­tentativos; de cobrança por trabalhos realizados por elas, mas recebidos em espécie por encarnados, etc.
Pombagira também serviu de desculpa para que al­gumas pessoas atribuíssem a ela seus comportamentos no campo da sexualidade.
Ainda que hoje saibamos que elas são esgotadoras do íntimo das pessoas negativadas por causa de decep­ções e frustrações nos campos do amor, no entanto ainda hoje vemos um caso ou outro que atribuem à Pombagira o fato de vibrarem determinados desejos ou compulsões ligadas ao sexo.  Mas a verdade indica-nos exatamente o contrário disso, ou seja, a “mulher da rua” atua esgotando o íntimo de pes­soas e de espíritos vítimas de desequilíbrios emocionais ou conscienciais, pois essa é uma de suas muitas funções na Criação.

Texto extraído do livro “Orixá Pombagira”
de Rubens Saraceni, Editora Madras.

SOU EU ZÉ



Sou eu sim e não me importo...
Sou Boêmio, Sou Menino, Sou da Noite ou Matutino
Sou da Lua, Sou da Rua, acompanhado ou sozinho
Sou da gira o agitador, na Umbanda Sou Doutor
Sou filho de Maria e de Jesus Nosso Senhor
Se me procuram nas esquinas lá também eu estou
Se me louvam na Calunga, pra lá eu também vou
Se me saúdam na mesa, eu manifesto sim Senhor
Se me dão licença, Juremêiro eu também sou...
Sou Baiano, Sou Exu, se me chamam eu já vou
Sou um risco, sou feitiço, sou o esteio do sofredor
Sou socorro, sou ajuda, sou poeira, sou calor
Sou o fogo, sou o vento, sou o sol, mas tenho amor
Se me procurar na encruza e não me achar
Se me procurar na Calunga e eu não estiver
Se nas esquinas eu não me encontrar
Se na Umbanda eu não estiver, nem na Mesa ou no
Candomblé
Olhe pra cima e agradeça a Deus
E agradeça com muito fervor
Zé Pilintra terminou sua missão
Por que não há neta terra mais nenhum sofredor...
Mensagem recebida pelo Médium Pai Luís Renato
Transmitida pelo Espírito: José Pilintra – 13/12/11 – Dia do Seu Zé na Umbanda.

ORIXÁ IANSÃ



lansã é a aplicadora da Lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Seus campo
preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os esgota e os redireciona, abrindo-lhes
novos campos por onde evoluirão de forma menos “emocional”.
Iansã, em seu primeiro elemento é ar e forma com Ogum um par energético onde ele rege o
polo positivo e é passivo pois suas irradiações magnéticas são retas. lansã é negativa e ativa, e
suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas.
Observem que lansã se irradia de formas diferentes: é cósmica (ativa) e é o Orixá que ocupa
o polo negativo da linha elemental pura do ar, onde polariza com Ogum. Já em seu segundo
elemento ela polariza com Xangô e atua como o polo ativo da linha da Justiça, que é uma das sete
irradiações divinas.
Na linha da Justiça, Iansã é seu aspecto móvel e Xangô é seu aspecto assentado ou
imutável, pois ela atua na transformação dos seres através de seus magnetismos negativos.
Iansã aplica a Lei nos campos da Justiça e é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher
os seres fora-da-Lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e
consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará
sua caminhada pela linha reta da evolução.
As energias irradiadas por Iansã densificam o mental, diminuindo seu magnetismo e
estimulam o emocional, acelerando suas vibrações.
Com isso, o ser se torna mais emotivo e mais facilmente é redirecionado. Mas quando não é
possível reconduzi-lo à linha reta da evolução, então uma de suas sete intermediárias cósmicas, que
atuam em seus aspectos negativos, paralisam o ser e o retém em um dos campos de esgotamento
mental, emocional e energético, até que ele tenha sido esgotado de seu negativismo e tenha
descarregado todo o seu emocional desvirtuado e viciado.
Sete atuam junto aos polos magnéticos irradiantes e auxiliam os orixás regentes dos polos
positivos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo os princípios da Justiça Divina, recorrendo
aos aspectos positivos da Orixá Planetária Iansã.
São vinte e uma orixás lansãs intermediárias aplicadoras da Lei nas Sete Linhas de Umbanda.
Como seus campos preferenciais de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que
nossa amada mãe Iansã intermediária para a linha da Fé nos campos do Tempo seja confundida
com a própria Oiá, já que é ela quem envia ao tempo os eguns fora-da-Lei no campo da
religiosidade.
Iansã do Tempo, não tenham dúvidas, tem um vasto campo de ação e colhe os espíritos
desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde serão esgotados. Mas, não tenham
dúvidas, antes ela tenta reequilibrá-los e redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde
o magnetismo os esvazia quando vê que um esgotamento total em todos os sete sentidos é
necessário. E isto o Tempo faz muito bem!
Já Iansã Bale, do Bale, ou das Almas, é outra intermediária de nossa mãe maior lansã que é
muito solicitada e muito conhecida, porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam
os princípios da Lei que dão sustentação à vida e, como vida é geração e Omulu atua no polo
negativo da linha da Geração, então ela envia aos domínios de Tatá Omulu todos os espíritos que
atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça
Divina.
Logo, seu campo escuro localiza-se nos domínios do Orixá Omulu, que rege sobre o lado de
“baixo” do campo santo.
Mas também são muito conhecidas as Iansãs intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do
Mar, das Cachoeiras e dos Ventos (Iansã pura). As outras assumem os nomes dos elementos que
lhes chegam através das irradiações inclinadas dos outros orixás, quando surgem as Iansãs
irradiantes e multicoloridas. Temos:
• uma Iansã do Ar;
• uma Iansã Cristalina;
• uma lansã Mineral;
• uma Iansã Vegetal;
• uma lansã Ígnea;
• uma lansã Telúrica;
• uma lansã Aquática.
Bom, só por esta amostra dos múltiplos aspectos de nossa amada regente feminina do ar, já
deu para se ter uma ideia do imenso campo de ação do mistério “Iansã”.
O fato é que ela aplica a Lei nos campos da Justiça Divina e transforma os seres
desequilibrados com suas irradiações espiraladas, que o fazem girar até que tenham descarregado
seus emocionais desvirtuados e consciências desordenadas!
Não vamos nos alongar mais, pois muito já foi dito e escrito sobre a “Senhora dos Ventos”.
OFERENDA:
Velas brancas, amarelas e vermelhas; champanhe branca, licor de menta e de anis ou de cereja;
rosas e palmas amarelas, tudo depositado no campo aberto, pedreiras, beira-mar, cachoeiras, etc.
As Filhas de Yansã
As filhas de Iansã são emotivas e se não se impõem, revoltam-se e abandonam quem não
submete-se a elas e logo estão estabelecendo novas ligações...onde se imporão;
As filhas de Iansã, no negativo, são apaixonadas, bravas, emotivas, de pavio curto, falantes,
briguentas, intolerantes, não perdoam quem as magoa e são explosivas. Já no positivo, são
envolventes, risonhas, alegres, amorosas, mas sem pieguice, possessivas com os seus, amigas e
expeditas, ágeis no pensar e no falar, objetivas, lutadoras e líderes natas;
As filhas de Iansã apreciam festas, pessoas falantes e alegres, ambientes alegres e
multicoloridos, viagens a passeio, homens envolventes, trabalhos agitados. Não apreciam homens
introvertidos, reuniões monótonas, amizades egoístas, ambientes conservadores, trabalhos ou
deveres monótonos, comidas pesadas, roupas sóbrias, a “prisão” da vida doméstica, a repetição das
mesmas coisas no seu dia-a-dia;
Bem, vamos parar por aqui, senão continuaremos a listar características cada vez mais
íntimas das filhas de Iansã. Podemos acrescentar apenas que as filhas de Iansã são muito seletivas
e só se apaixonam de fato se o homem for muito envolvente. Do contrário, assim como os atrai os
dispensa com uma rapidez impressionante.
Saibam que:
- na Astrologia, as filhas de Iansã são regidas pelo Sol;
- na Numerologia, Iansã é o número 13;
- nos elementos, Iansã é o vendaval, que desaba e a ventania que faz tudo balançar;
- na irradiação da Lei, Iansã é a Lei atuando no sentido de redirecionar os seres que se
desequilibraram;
- na fé, Iansã é a novidade que a renova na mente e no coração dos seres;
- na vida, Iansã é a busca de melhores condições de vida para os seres;
- na criação divina, Iansã é a busca de adaptação do ser ao meio onde vive.
(Texto extraído do livro “Gênese Divina de Umbanda Sagrada”, de Rubens Saraceni).

COMENTÁRIO SOBRE O CAMPO MEDIÚNICO DO MÉDIUM


(Rubens Saraceni - Teologia de Umbanda)
Todos sabem que um ser humano, uma planta, um mineral e muitos animais não racionais
possuem uma aura que os envolve, protegendo-os do meio exterior. Assim como sabemos que esta
aura também é refletora da energia interior dos corpos inanimados. Nos seres vivos, é a refletora
dos sentimentos e dos padrões energo-magnéticos e está intimamente relacionada com o campo
emocional.
O campo mediúnico inicia-se no corpo elementar básico e expande-se uniformemente ao
redor dele por aproximadamente uns trinta centímetros, e até uns setenta, no máximo. Este campo
mediúnico ou eletromagnético é comum a todos os seres humanos, independente de sua formação
cultural ou religiosa. E aqui nos limitaremos só aos seres humanos.
O fato é que este campo eletromagnético tem sua sede no mental, que é a “coroa” ou chacra
coronário, iniciando-se ao seu redor e derramando-se em torno do corpo elemental básico.
“Elemental” porque é elemento puro, e básico porque é o primeiro “corpo” que o ser humano teve
formado num estágio virginal onde evoluiu.
O campo mediúnico abre-se para o plano espiritual e é através dele que são estabelecidas
ligações magnéticas com o mundo espiritual.Este campo interpenetra outras dimensões, mas não as sente ou é sentido por quem vive
nelas. O mesmo acontece com os espíritos em relação ao plano material: atravessam paredes,
corpos, etc., sem alterar suas estruturas espirituais ou as estruturas físicas dos objetos tocados por
eles.
“No universo, tudo vibra e tudo é vibração.”
Logo, se tudo o que existe no plano material obedece ao padrão vibratório “atômico”, no plano
espiritual o padrão vibratório é o “etérico”. “Etérico”, de éter ou energia sutilizada a níveis
suprafísicos.
Em cada padrão vibratório específico, tudo se nos mostra regido pelas mesmas leis que
sustentam as formas no plano material: agregados energéticos que, por magnetismos específicos,
dão formação às massas ou corpos físicos.
Na dimensão onde vivem os espíritos, um magnetismo semelhante ao existente no plano
material também existe, e sustenta tudo o que nela possa existir. A única diferença está no
relacionamento energético e na mudança do padrão vibratório, tanto dos seres quanto das formas,
que são plasmadas a partir do éter.
Assim explicado, então saibam que todos nós temos um campo mediúnico que se abre para
muitas dimensões da vida, e que as interpenetram, ainda que disto não nos apercebamos, pois
nosso campo percepcional espiritual está graduado no mínimo para captar as vibrações exclusivas
da dimensão humana e no máximo para captar vibrações espirituais.
Mas este campo mediúnico interpenetra as dimensões ígneas, aquáticas, terrosas, eólicas,
mistas, cristalinas, minerais, vegetais, etc. se desenvolvermos conscientemente nosso rústico
percepcional, então podemos captar as energias circulantes que existem nelas e nos chegam de
forma sutil.
Este campo mediúnico que, à falta de palavras de melhor definição preferimos nominar de
“campo eletromagnético”, é justamente a nossa tela refletora onde as ligações invisíveis costumam
acontecer.
É neste campo pessoal dos seres humanos que se alojam focos vibratórios ou acúmulos
energéticos que refletem na aura e a rompem, alcançando o corpo energético ou mesmo o físico,
afetando a saúde. Se em um primeiro momento os padrões vibratórios são diferentes, no entanto,
tudo o que nele se alojou vai pouco a pouco sendo induzido pelo nosso magnetismo a adequar-se
ao nosso padrão pessoal. Aí começa a ser internalizado por magnetismo.
Isto é comum nos casos de obsessão espiritual, quando um ser não afim conosco aloja-se em nosso
campo eletromagnético.
O padrão vibratório do intruso é outro, só passamos a ser incomodados quando ele adequa
seu padrão ao nosso. Então suas vibrações mentais, conscientes ou não, interferem no nosso
mental através de nosso emocional conduzindo-nos a desequilíbrios energéticos profundos.
Estas interferências, se muito duradouras ou intensas, costumam nos desequilibrar de tal forma que
passamos a ter duas personalidades antagônicas num mesmo ser e um mesmo espaço mediúnico.
E, porque nosso corpo físico reage a estes estímulos vibrados pelo intruso alojado em nosso
campo eletromagnético, então começamos a sentir desequilíbrios (dores) no próprio corpo físico.
São as doenças não diagnosticadas pelos médicos.
Os “passes” ministrados por médiuns magnetizadores e doadores de energias têm como
função descarregar este campo dos acúmulos de energias negativas nele formados no decorrer do
tempo.
É por isso que os passes magnéticos são fundamentais num tratamento espiritual, pois os
mentores curadores precisam tem em seus pacientes este campo totalmente limpo, quando então
começam a operar no corpo energético, onde realizam cirurgias corretivas ou desobstruidoras,
chegando mesmo a retirarem “tumores” formados unicamente por energias negativas internalizadas
pelo corpo energético.
Só depois de equilibrarem o campo eletromagnético e o corpo energético dos seres é que os
mentores curadores atuam no corpo físico de seus pacientes encarnados, que a eles recorrem pois
realizam curas maravilhosas onde a limitada medicina falha.
É fundamental que saibam disso pois só assim entenderão o porquê dos passes realizados
em todos os centros espíritas ou de Umbanda: é para realizar a limpeza dos campos mediúnicos de
seus frequentadores.
Só que, enquanto nos centros espíritas usa-se o passe magnético, nos centros de Umbanda
também se recorre aos passes mágicos energéticos, quando são usados diversos materiais ( fumo,
água, ervas, pedras ou colares, etc.) que descarregam os acúmulos negativos alojados nesses
campos eletromagnéticos.
O uso de guias ou colares pelos médiuns tem esta função durante os trabalhos práticos: as
energias que vão sendo captadas, vão se condensando (agregando) às guias e não são absorvidas
pelos seus corpos energéticos, não os sobrecarregando e não os desarmonizando durante os
trabalhos espirituais.
Ervas e fumo, quando potencializadas com energias etéreas pelos mentores, também se
tornam poderosos limpadores de campos eletromagnéticos.
Enfim, existe toda uma ciência por trás de tais procedimentos dos espíritos que atuam no
Ritual de Umbanda Sagrada.
Pai Rubens Saraceni

REGENTES DA NATUREZA



Milagres e fenômenos são as chaves de toda semeadura religiosa e com a Umbanda nãoseria diferente, pois eles acontecem a todo instante por todo o Brasil e surpreendem os descrentes,os ateus, os zombeteiros e até os fiéis Umbandistas, já acostumados a eles nos seus trabalhosrituais.Saibam que, em se tratando de coisas divinas, os milagres e os fenômenos são coisascomuns e acontecem em todas as religiões, pois só assim o senso comum cede lugar à fé e permiteque toda uma vida desregrada seja ordenada e colocada na senda luminosa da evolução espiritual econsciencial.Neste aspecto a Umbanda tem sido destacada, pois os milagres de alguns médiuns e osfenômenos realizados pelos mentores espirituais provam a todos que por trás do visível (matéria)está o invisível (Deus).E se fôssemos listar os prodígios e fenômenos, nunca terminaríamos porque estão serenovando a todo instante em lugares distantes, e sem qualquer ligação material entre si. Mas seassim é, é porque assim acontece com todas as semeaduras religiosas.Algumas pessoas mais afoitas endeusam quem realiza “milagres e não entendem que ocorreto seria meditarem no porquê deles estarem acontecendo. Não percebem que os prodígiosvisam dar provas concretas dos mistério ocultos regidos pelos sagrados Orixás e que estes visamfornecer meios mais acessíveis para a propagação da religião Umbandista.A Umbanda ainda é muito recente para prescindir dos prodígios e dos fenômenos. Enós esperamos que nunca os dispense pois as pessoas mais descrentes ou arredias sóse convencem da existência dos poderes divinos quando se deparam com os prodígios realizadospelos médiuns. Aí sim deixam de lado o senso comum, despertam para a fé e dedicam parte dotempo à religião.A Umbanda é nova e talvez daqui a uns três séculos os seus dirigentes se reúnam e, tendomuitas idealizações sobre suas mesas, optem por uma que mais fale aos corações dos Umbandistasde então.Mas não esqueçam que, se os primeiros cristãos são vistos como um exemplo a ser seguido nocampo religioso do Cristianismo pelo seus desprendimento, fé inabalável e tenacidade na defesa dareligião que adotaram, vocês, os Umbandistas de hoje, serão vistos no futuro pela forma que se portaremdiante das dificuldades que esta nova religião está sofrendo, já que ela é combatida pelas mais velhas comtodas as armas, recursos e truculências que têm à disposição.Afinal, os romanos tinham o circo onde atiravam os cristãos de então aos leões. Os neo cristãos dehoje têm à sua disposição a televisão, onde atiram os Umbandistas às hienas mercadoras da fé em JesusCristo.Tenham consciência do momento atual de sua religião e portem-se à altura do que de vocêsesperam os sagrados Orixás, já renovados no Ritual de Umbanda Sagrada. E creiam, daqui a alguns séculos as hienas terão se calado, pois terão encontrado a resposta de Deus a seusdesafios.Mas até que isso aconteça, fortaleçam sua fé no amor aos sagrados Orixás, pois eles são asdivindades regentes desse nosso abençoado planeta. E se são chamados de “encantados” é porqueencantam quem a eles se consagram e não se deixam abater pelas críticas sofridas, pelaszombarias assacadas ou pela falta de uma literatura Umbandista mais incisiva para o momentoatual e mais esclarecedora acerca dos mistérios divinos que são os Orixás.Correspondam ao momento atual de sua religião e, no futuro, quando todos rezarem por umamesma cartilha, aí se realizarão e dirão: “Meus amados Orixás, valeu a pena minha tenacidade,resignação, humildade, amor e fé, pois minha religião prosperou entre os homens”!Saravá, os Orixás!Saravá, irmãos em Oxalá!
(Extraído de “O Código de Umbanda”, adaptado por Rodrigo Queiróz).